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Portugal: Tribunal condena Cláudia Simões por morder agente

2 de julho de 2024

Em declarações à DW, Cláudia Simões garantiu que vai recorrer da condenação no caso das agressões numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020. O coletivo de juízes aplicou um ano de pena suspensa a Cláudia Simões e três anos de prisão, igualmente com pena suspensa, ao polícia Carlos Canha por este ter agredido outras duas pessoas na esquadra da PSP.

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O Tribunal de Sintra, em Portugal, acaba de condenar Claúdia Simões por esta ter modido Carlos Canha, agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), quando este a tentava imobilizar para ser detida. O agente em causa, também levado a julgamento, foi absolvido das acusações de agressão na detenção desta cidadã luso-angolana.

O coletivo de juízes aplicou uma pena de oito meses de prisão a Cláudia Simões, suspensa na execução, por um crime de ofensa à integridade física qualificada, e condenou o polícia Carlos Canha a três anos de prisão, também com pena suspensa, por dois crimes de ofensa à integridade física e dois de sequestro relativamente aos cidadãos Quintino Gomes e Ricardo Botelho, ambos levados para a esquadra, absolvendo-o das acusações de agressão a Cláudia Simões.

Em declarações à DW, a cidadã lamenta com indignação o sentido racista da sentença e promete tudo fazer por via de recurso para repor a verdade.

Justiça portuguesa tem cor?

A SOS Racismo, através de um comunicado em reação ao veredito do Tribunal, reafirma o seu empenho "em denunciar e combater a cada vez mais preocupante porosidade entre expressões do racismo e práticas de justiça". No referido comunicado, a organização não-governamental condena a tentativa de silenciamento do movimento antirracista e de intimidação a ativistas e académicos que se mobilizaram na luta contra o racismo e inerente violência.

O caso remonta a 19 de janeiro de 2020, quando Cláudia Simões, cozinheira de profissão, se envolveu numa discussão entre passageiros e o motorista de um autocarro da empresa Vimeca, pelo facto de a sua filha, à data com oito anos, se ter esquecido do passe. Chegados ao destino, o motorista decidiu chamar a polícia e, após alguns momentos de tensão, o agente Carlos Canha decidiu imobilizar Cláudia Simões, junto à paragem do autocarro, após esta se recusar a ser identificada.

A situação ganhou mediatismo com a posterior difusão nas redes sociais de vídeos da confusão à saída do autocarro e de imagens dos ferimentos de Cláudia Simões.

Carlos Canha foi acusado de três crimes de ofensa à integridade física qualificada, três de sequestro agravado, um de injúria agravada e um de abuso de poder, enquanto os agentes João Gouveia e Fernando Rodrigues respondiam por um crime de abuso de poder, por não terem atuado para impedir as alegadas agressões do colega. Cláudia Simões foi acusada de um crime de ofensa à integridade qualificada.