Líder da CASA-CE minimiza pretensões da Frente Patriótica
29 de agosto de 2021O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) desvalorizou as pretensões da Frente Patriótica Unida, bloco político na oposição que ambiciona o poder, e descartou aderir à agremiação política.
"Nós, CASA-CE, somos uma coligação eleitoral e nós é que somos uma verdadeira frente, porque até somos uma convergência. Seria negativo e uma irresponsabilidade grande dissolvermos a CASA para então aderirmos a um outro projeto político, não é possível", afirmou Manuel Fernandes em entrevista à agência de notícias Lusa.
O líder da CASA-CE disse ter "dificuldades de entender" a Frente Patriótica Unida, que "não é uma coligação, mas um espaço político de aglutinação de vontades políticas e também poderá absorver atores da sociedade civil, mas para serem incorporados numa determinada lista".
Manuel Fernandes assegurou ainda que a sua agremiação política vai concorrer enquanto coligação eleitoral nas próximas eleições, manifestando-se aberto a "outras vontades políticas e da sociedade civil". Disse ainda que a governação do Presidente angolano, João Lourenço, acentuou a degradação social.
O terceiro presidente da CASA-CE, fundada em 2012 por Abel Chivukuvuku, garante que as "fissuras" que encontrou na estrutura da coligação "estão completamente sanadas". "Apenas temos o caso que estamos a tratar agora, que é do Bloco Democrático", adiantou.
No princípio de agosto, a CASA-CE suspendeu a participação política do BD até 2022, por este "ter decidido não renovar o acordo de participação" com a coligação nas eleições gerais do próximo ano.
Críticas à CNE
À Lusa, Manuel Fernandes ainda defendeu o "fim da musculatura e da anormalidade" na designação de dirigentes na Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana para ultrapassar as "constantes suspeições eleitorais".
"Não temos nada contra o presidente da CNE, como pessoa, mas a forma como foi eleito (...) retira a credibilidade das instituições", disse o líder da segunda maior força política na oposição angolana.
Manuel Pereira da Silva, presidente da CNE, foi empossado em 2020 na Assembleia Nacional sob alegações de "falta de idoneidade" e "irregularidades" no processo eleitoral.
"Porque é que se forçou isso? Ao manter-se esta musculatura nunca se vai sair do ímpeto da fraude, daí que precisamos criar mecanismos para termos eleições transformadas em ambiente de festa, mas quando decorrem com artifícios não é positivo e estamos a adiar o país", disse o presidente da coligação CASA-CE.
As próximas eleições gerais em Angola estão previstas para 2022. Reclamações sobre fraudes eleitorais têm sido recorrentes, sobretudo a nível dos partidos na oposição e na sociedade civil, numa altura em que se discute no parlamento a alteração de diplomas sobre o pacote eleitoral.
Para Manuel Fernandes, a alteração da divisão político-administrativa "não é prioritária". O que vai resolver o problema dos municípios, sublinhou, "não é a divisão administrativa das províncias, [mas] os governos municipais com a institucionalização das autarquias", defende.