Presidente da Guiné-Bissau pede ao PRS para formar Governo
23 de maio de 2016O Presidente guineense anunciou ter enviado, este sábado (21.05), uma nota ao Partido da Renovação Social (PRS) "na qualidade de segundo partido mais votado nas últimas legislativas", incumbindo a formação política a apresentar uma solução que garanta "estabilidade governativa".
Segundo José Mário Vaz, o acordo que lhe foi apresentado na última semana pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as eleições de 2014, "indicia não reunir o apoio maioritário dos deputados" no Parlamento guineense.
O partido liderado por Domingos Simões Pereira enviou ao Presidente uma proposta de Pacto de Estabilidade que seria assinado publicamente por todos os partidos com representação parlamentar.
O PAIGC tinha avançado a hipótese de formar governo com a oposição. O propôs ficar com 18 lugares, incluindo o de primeiro-ministro. Por outro lado, confiaria 16 pastas a outras forças: oito ao Partido da Renovação Social (PRS), a principal força da oposição - que já recusou o convite para participar no futuro Executivo -, cinco a outros partidos, duas pastas seriam entregues à Presidência da República e uma à sociedade civil.
Divergências políticas
Apesar de o PAIGC ter maioria absoluta, há que ter em conta que 15 deputados dissidentes do partido juntaram-se ao PRS e anunciaram formar uma nova maioria que tem tentado derrubar o Governo.
O assunto motivou uma luta judicial com diferentes interpretações. O PAIGC decidiu expulsar o grupo dissidente, alegando indisciplina partidária, e requereu a perda de mandato na Assembleia Nacional Popular (ANP). O partido maioritário no Parlamento entende que as decisões subsequentes nos tribunais validaram a substituição dos deputados, mas o grupo dos 15 e o PRS dizem o contrário.
Por causa dessa indefinição, o Parlamento está bloqueado desde janeiro. A 12 de maio, José Mário Vaz demitiu o Governo pela segunda vez nesta legislatura.
O PAIGC, que insiste na realização de eleições gerais, considera que o chefe de Estado apoia o grupo de deputados dissidentes e promove a instabilidade no país. O Presidente defende o lugar dos 15 e solução política que reflita a nova configuração no Parlamento guineense.
As divergências políticas entre o Presidente da República e o PAIGC, força política que o elegeu em 2014, não são de agora. Agudizaram-se no verão passado quando José Mário Vaz demitiu o Governo de Domingos Simões Pereira.