Dialogar é a única solução para a crise político-militar
15 de abril de 2016A reunião que termina no sábado (16.04.), decorre numa altura em que se regista um agravamento da tensão político-militar e um acentuado declínio da economia devido à seca e à queda dos preços das exportações moçambicanas.
O Comité Central (CC) da FRELIMO apelou ao diálogo em prol da paz no país sublinhando que o Presidente do Partido Filipe Nyusi tem pautado por uma postura dialogante interagindo com todas as forças vivas da sociedade.
O porta-voz do encontro, António Niquice, disse que Nyusi tem pugnado, igualmente, por uma postura de Estado, assegurando a manutenção do Estado de Direito e Democrático. Resumindo os debates na plenária da sessão, Niquice disse aos jornalistas que “ o Comité Central encoraja o Presidente Filipe Nyusi a prosseguir com os esforços em curso visando a manutenção e preservação da paz no nosso país”.O porta-voz do CC da FRELIMO recordou que Nyusi se predispôs de forma incondicional para um encontro com todas os segmentos da sociedade, os caminhos mais acertados para o estabelecimento da paz. Neste contexto, já criou uma equipa para preparar um encontro com o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama.
No entanto, o maior partido da oposição condiciona a realização do encontro a presença de observadores nacionais e internacionais.
Associação de antigos combatentes acusa RENAMO
Durante a sessão, a Associação dos Combatentes da luta pela Independência, acusou a RENAMO de levar a cabo ações de destruição e vandalização no país. Classificou estes atos como um “verdadeiro” insulto a dignidade dos moçambicanos e a imagem do país.
A mensagem dos Antigos Combatentes, que foi apresentada pelo seu Secretário Geral, Fernando Faustino, refere que “o sofrimento de que o povo tem sido alvo é demasiadamente humilhante”. E acrescenta“ estamos cansados”.
"Perante as investidas dos nossos adversários deveremos responder de forma inovadora reforçando e alargando a presença dos combatentes nos nossos órgãos, como forma de assegurar e continuar a transmissão dos nossos valores e vivências e transmitir o nosso legado às gerações vindouras”.
Os Antigos Combatentes querem ver aumentada a sua quota nos órgãos de decisão do partido de 10% para uma percentagem que “permita mais visibilidade.”
Ausência da paz tem impacto negativo em Moçambique
Recorde-se que no discurso de abertura da reunião do CC, o Presidente Filipe Nyusi reconheceu que a ausência da paz está a ter um impacto negativo no país.
“A situação de paz e o comportamento da nossa economia, embora seja parte da conjuntura regional e internacional, aumenta o custo de vida dos moçambicanos e reduz a sua esperança”.
O porta-voz do encontro, António Niquice, acusou ainda os homens armados da Renamo, que apelidou de bandidos, de levarem a cabo acções de perseguição e assassinato de membros da Frelimo.
Os debates sobre a paz e a economia no país decorreram à porta fechada. Contaram com a presença de vários convidados, nomeadamente membros do Governo, governadores, académicos, executivos das empresas públicas, entre outros.
O porta-voz disse ainda que a iniciativa visa permitir um debate mais amplo de questões sensíveis da vida do país.
Um outro ponto que está sobre a mesa é a avaliação do nível de implementação do programa quinquenal do Governo, afirmou António Niquice. “ Em relação a materialização do Programa quinquenal do Governo temos estado a verificar que as promessas que foram sufragadas em sede de Manifesto estão efetivamente a ser cumpridas.”
A sessão termina este sábado (16.04.) com a aprovação da data e local do próximo Congresso do Partido, previsto para 2017.