Presidente do Sudão do Sul assina acordo de paz
26 de agosto de 2015O Presidente Salva Kiir assinou esta quarta-feira um acordo de paz com os rebeldes sul-sudaneses. Mas Kiir sublinhou que o fez com algumas reservas.
"Ignorar essas reservas não seria no interesse de uma paz justa e duradoura", avisou Kiir, numa cerimónia na capital, Juba, em que estiveram presentes líderes regionais, diplomatas e jornalistas.
O documento já fora rubricado há dez dias pelos rebeldes. Mas, na altura, Kiir pediu mais tempo para o avaliar. Parte do Governo sul-sudanês não via o acordo com bons olhos. Assiná-lo seria uma traição, chegou a dizer o ministro da Informação.
Dezenas de milhares de mortes
As palavras de Kiir, esta quarta-feira, levantam dúvidas sobre se o novo acordo é para durar. Desde janeiro de 2014, falharam, pelo menos, sete acordos de cessar-fogo.
Fala-se em dezenas de milhares de mortos. Dois milhões de pessoas foram obrigadas a fugir devido à guerra civil.
O conflito no Sudão do Sul começou com uma luta de poder, mas transformou-se numa guerra entre etnias. Em julho de 2013, o Presidente Salva Kiir demitiu o vice-presidente, o rival Riek Machar. Cinco meses mais tarde, Kiir acusou-o de tentativa de golpe de Estado.
O braço-de-ferro entre Kiir, de etnia dinka, e Machar, de etnia nuer, inflamou uma velha rivalidade entre os dois grupos. Isso tem sido instrumentalizado, tanto por Kiir como por Machar – as consequências são terríveis: "As pessoas já não estão seguras em lado nenhum", diz Skye Wheeler, da organização Human Rights Watch.
"Há quem seja atacado até em igrejas e hospitais. Ambos os lados são responsáveis por uma grande destruição. Incendiaram casas e mercados e permitiram pilhagens."
O que o acordo prevê
O acordo de paz entre o Governo sul-sudanês e os rebeldes determina um cessar-fogo imediato e a criação de um "governo de transição de unidade nacional", no espaço de 90 dias.
Prevê-se ainda a desmilitarização da capital. Os rebeldes deverão passar a ter uma forte representação nos órgãos de poder local, nos estados petrolíferos do Alto Nilo e de Unidade.
O acordo é apoiado pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) e pelas Nações Unidas, União Africana, China e Estados Unidos. Washington ameaçou Juba com sanções internacionais, caso o acordo não fosse assinado esta quarta-feira.