Presidente dos Camarões manda libertar líder da oposição
5 de outubro de 2019O Presidente dos Camarões, Paul Biya, ordenou a retirada de acusações contra 102 militantes e simpatizantes anglófonos da oposição que estavam detidos. Entre os beneficiados, está o seu principal rival nas eleições de outubro de 2018, Maurice Kamto, que teve a libertação imediata decretada.
A decisão foi anunciada pelo secretário-geral da Presidência, Ferdinand Ngoh Ngoh, na noite desta sexta-feira (04.09), horas após o fim do diálogo nacional convocado esta semana para tentar resolver as tensões entre o Governo e os separatistas anglófonos.
Esta é a primeira parcela das 333 libertações decretadas na quinta-feira por Paul Biya, que decidiu retirar as acusações contra estes réus. O primeiro-ministro camaronês, Joseph Dion Ngute, declarou que esses detidos seriam libertados num "gesto de apaziguamento".
Maurice Kamto, juntamente com apoiantes do seu partido, o Movimento para o Renascimento dos Camarões (MRC), eram alguns dos opositores que aguardam condenação e se apresentariam perante ao juiz na próxima semana.
Acusações
O principal rival de Paul Biya foi detido no passado dia 28 de janeiro por suspeita de ter incentivado manifestações "não-autorizadas" por todo o país. Durante os protestos de 26 de janeiro, pelo menos dez pessoas ficaram feridas e 200 foram detidas em várias cidades.
Maurice Kamto foi acusado pelos crimes de insurreição, rebelião e hostilidade à pátria, acusações que podem resultar na pena de morte nos Camarões.
Segundo a agência de notícias espanhola EFE, Paul Biya tomou a decisão de levantar as acusações "como um esforço para encontrar formas de promover uma atmosfera de paz, fraternidade e harmonia" entre os camaroneses.
O diálogo nacional na capital Yaoundé pretendia resolver o conflito entre os grupos armados independentistas e as forças de segurança oficiais camaronesas nas regiões noroeste e sudoeste do país, ocupadas pela minoria anglófona dos Camarões, que representa 16% da população.
De acordo com organizações não-governamentais, mais de mil pessoas foram detidas durante o conflito, que matou mais de três mil pessoas desde 2017.