Presidente moçambicano termina visita à África do Sul
23 de outubro de 2015Os moçambicanos aproveitam o encontro desta sexta-feira (23.10) para informar o Presidente Filipe Nyusi das suas inquietações, relacionadas sobretudo com a falta de documentos de identidade, prisões e deportações, entre outros assuntos.
"São várias as preocupações. Sabemos que o chefe de Estado não vai resolver estes problemas num único dia, mas se calhar poderá encaminhá-los para as estruturas relevantes: os ministérios", afirma Suleman Gulamo Sulemane, presidente da Comunidade Moçambicana na província de Gauteng, que engloba as cidades de Joanesburgo e de Pretória.
Filipe Nyusi lidera uma vasta delegação composta por sete ministros e cerca de 65 empresários, o que mostra a aposta do Governo moçambicano na diplomacia económica.
Na quinta-feira (22.10), os dois chefes de Estado inauguraram a Comissão Binacional Moçambique/África do Sul, um mecanismo através do qual os dois países pretendem estruturar, operacionalizar e monitorizar a cooperação bilateral.
A próxima reunião da comissão terá lugar em Maputo, em 2016. Jacob Zuma já aceitou o convite de Filipe Nyusi para participar no evento.
Energia em destaque
No mesmo dia, os presidentes moçambicano e sul-africano participaram num Fórum de Negócios. A energia e a agricultura foram dois dos pontos debatidos. "Há condições para produção de energia nos nossos países. Temos água, gás, sol vento, carvão. Esses recursos têm de ser explorados" para servirem os países, defende Filipe Nyusi.
"Há uma certa dependência no sector energético. Gostem ou não, dependem de nós", afirma Lourenço Sambo, diretor do Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique, para quem o país tem muito a dar no que toca a energia.
Lourenço Sambo lembra que, neste momento, também o Congo está na corrida para fornecer energia à África do Sul, mas Moçambique "tem mais recursos, muito imediatos", sublinha.
A área da energia é de extrema importância para os dois países. A África do Sul, que é o maior consumidor da energia produzida pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), não consegue satisfazer a procura para consumo doméstico e das suas indústrias.
A África do Sul é um dos principais parceiros económicos de Moçambique. Entre os investidores estrangeiros, o país tem estado entre os dez primeiros lugares nos últimos anos. Só no primeiro trimestre deste ano já investiu cerca de 500 milhões de dólares em Moçambique.