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Primeiro-ministro do Chade pede anulação das presidenciais

AFP | EFE | Lusa
13 de maio de 2024

Succès Masra, antigo líder da oposição e primeiro-ministro do Chade, pediu ao Conselho Constitucional que anule os resultados das presidenciais de 6 de maio, nas quais o presidente de transição obteve 61,03% dos votos.

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Succès Masra e Mahamat Idriss Deby Itno
Succès Masra, segundo classificado (18,53%), e Mahamat Idriss Deby Itno, declarado vencedor com 61,03% dos votos Foto: ISSOUF SANOGO/DENIS SASSOU GUEIPEUR/AFP/Getty Images

Succès Masra, segundo classificado nas eleições presidenciais no Chade, anunciou no domingo (12.05) que apresentou um pedido de anulação do escrutínio junto do Conselho Constitucional.

Uma medida tomada após dezenas de militantes do seu partido terem sido detidos e acusados de terem falsificado documentos para terem acesso ilegal à contagem dos votos.

"Com a ajuda dos nossos advogados, apresentámos hoje um pedido ao Conselho Constitucional para que seja revelada a verdade nas urnas", anunciou Masra no Facebook.

"O nosso pedido é a anulação, pura e simples, desta farsa eleitoral", disse à AFP Sitack Yombatina, vice-presidente do Partido Transformers de Masra.

"Todas as provas estão nas USB", anexadas ao pedido apresentado ao Conselho Constitucional, que incluem imagens de vídeo de urnas a serem enchidas, roubos, ameaças, "mas acima de tudo urnas que foram levadas pelos soldados para serem contadas noutro local", disse Yombatina.

Na passada quinta-feira (08.05), as autoridades eleitorais declararam vencedor das presidenciais o líder da junta, o general Mahamat Idriss Deby Itno, com 61,03% dos votos contra 18,53% de Masra.

À lupa: As eleições no Chade e o desassossego francês

Mortes e feridos após disparos do exército

Após o anúncio dos resultados provisórios das eleições presidenciais, pelo menos dez pessoas morreram e 63 ficaram feridas na capital do Chade devido a disparos do exército. Os soldados dispararam para o ar em N'Djamena e em várias cidades do sul do país conhecidas pelo apoio à oposição.

Antes da divulgação dos resultados, Succès Masra já se tinha proclamado vencedor da votação. Denunciou a manipulação dos resultados e avisou que o povo "não vai permitir que isso aconteça".

Ativistas dos direitos humanos alegaram que os disparos se destinavam a dissuadir os apoiantes da oposição de se reunirem para se manifestarem.

"Trata-se de uma estratégia do exército para impedir os apoiantes da oposição de se manifestarem. Especialmente porque, uma hora antes do anúncio dos resultados, o primeiro-ministro, Succès Masra, rejeitou-os e apelou aos apoiantes para se manifestarem para reclamar a sua vitória", disse à EFE a defensora dos direitos humanos Sosthène Mbernodji. "Mas não é normal matar pessoas para festejar a vitória de um candidato", denunciou ainda.

O Governo do Chade, por seu lado, prometeu esclarecer os factos. "Lamentamos estas mortes e gostaria de dizer que está a decorrer um inquérito para determinar os responsáveis. O ministro da Defesa proibiu os tiroteios. Os seus autores responderão pelos seus atos", declarou o secretário de Estado da Justiça, Sitack Yombatina Beni.

As eleições, às quais concorreram dez candidatos, marcam o fim de uma transição de três anos desde que o general Déby Itno assumiu o poder na sequência da morte inesperada, em 2021, do pai, Idriss Déby Itno, que tinha governado o país com mão de ferro desde 1990.