Problemas no recenseamento em Moçambique
9 de abril de 2014
O recenseamento enfrenta maiores entraves na província central de Sofala, devido ao conflito armado que está a condicionar o acesso das brigadas de recenseamento. De acordo com o a publciação online, Canalmoz, o director do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na província afirmou que não estão reunidas as condições para que as populações se possam recensear - o que poderá comprometer o exercício do direito de voto a 15 de outubro.
A três semanas do fim do processo de recenseamento eleitoral, o presidente da Comissão Nacional de Eleições de Moçambique, Abdul Carimo, lamentou, na terça-feira 8 de Abril, que apenas 55% dos nove milhões de potenciais eleitores foram recenseados.
Prevalece o optimismo
Contudo em declarações que prestou à DW África, Celso Chimoio, diretor do STAE em Sofala, foi mais otimista, explicando o avanço gradual da actuação das brigadas nos diversos distritos: “Nós temos em toda a província 320 brigadas a funcionar e só oito não estão a operar. Tínhamos problemas no distrito de Maringué, mas há uma brigada que o régulo já solicitou e já está lá em funcionamento. Também no distrito da Gorongosa há uma brigada que já entrou”. Os materiais vão sendo colocados nos distritos “à medida do que é possível”, concluiu.
Chuvas complicam o processo
Também as chuvas estiveram na origem de dificuldades de acesso, nomeadamente no distrito de Nhamatanda. Apesar das dificuldades no terreno, Celso Chimoio mostra-se satisfeito com o trabalho: até ao momento já foi recenseado 56,45% do eleitorado da província de Sofala. O diretor do STAE na província acredita que o processo poderia avançar de forma mais célere se o diálogo entre o Governo e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) permitisse pôr termo aos ataques, que têm sido atribuídos a homens do principal partido da oposição: “Eu tenho medo de levar as pessoas para lá, de levar o equipamento com os recenseadores porque não há segurança” disse Chimoio à DW África, salientando: “Não é que eu ou o STAE estejamos a pressionar os homens armados para parar com o conflito - eu não tenho nada a ver com isso. O que nós queremos é que toda a gente se recenseie incluindo, os póprios militares da RENAMO”. Chimoio sublinhou que os trabalhos estão a avançar em estreita cooperação com os vogais da RENAMO: “Mesmo na Comissão Nacional de Eleições os vogais já foram empossados. E eu estou a fazer trabalho de campo também com os vogais do partido”.
Recenseamento em alta no distrito de Maringue
Na região centro de Moçambique, a oposição política tem maior visibilidade. É na Gorongosa que se encontra a tradicional base de apoio da RENAMO. E a cidade da Beira, a capital provincial, é governada pelo MDM (Movimento Democrático de Moçambique), a segunda maior força da oposição. Questionado sobre a possibilidade de a oposição poder vir a acusar o STAE de dificultar o recenseamento como manobra para limitar os votos, Celso Chimoio responde: “Creio que não vão apontar o dedo porque eles sabem também que não há segurança. Em Maringue colocámos todas as brigadas, porque a situação está calma e a população está a recensear-se. No distrito de Maringue, inclusive onde tinha o quartel da RENAMO, estão a recensear-se. Chimoio adiantou ainda que se trata do primeiro distrito na província de Sofala em termos de percentagem de registo, com um total de 87,73 de eleitores recenseados.
O recenseamento eleitoral decorre até dia 29 de abril e visa garantir a participação nas eleições gerais de Moçambique marcadas para 15 de outubro.