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Processo eleitoral em Moçambique ganha maturidade, diz sociólogo

Carla Fernandes22 de setembro de 2014

Os eleitores moçambicanos estão mais conscientes sobre o seu papel nas eleições, considera sociólogo moçambicano. Moisés Mabunda lembra que em termos de estruturas também os mecanismos de controlo foram melhorados.

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Mulher traja capulana da FRELIMO, o partido no poder, em NampulaFoto: DW/J. Beck

As eleições gerais estão previstas para 15 de outubro próximo. Várias cenas de violência e vandalismo estão a ser registadas na campanha eleitoral. Mas também atos de confratenização entre apoiantes de partidos rivais estão a ser assinalados. É sobre o decorrer deste processo eleitoral que a DW África entrevistou o jornalista e sociólogo moçambicano Moisés Mabunda:

DW África: Em relação a forma como os partidos políticos lidam com os outros, sente que há uma falta de confiança entre eles?

Moisés Mabunda (MM): Creio que sim, que até houve uma evolução, até em comparação com as eleições autárquicas do ano passado na cidade da Beira, quando houve um cruzamento entre as caravanas dos partidos e quase resultou em tragédia. Então, este ano é certo que há uma certa quezília aqui e acolá, mas não foi tão trágico como no ano passado. Para estas eleições o aparelho judicial está ativado no sentido de estar atento e predisposto sobre os ilícitos eleitorais. Temos tribunais distritais eleitorais, juízes foram capacitados em uma semana, portanto, há mais condições.

DW África: Então para si as alterações que se têm verificado em termos de campanha eleitoral tem mais a ver com um aumento de consciência da importância de ser vigilante em relação ao que se está a passar?

Bildergalerie Wahlkampf 2014 Mosambik
Panfleto do PIMO afixado numa árvore na cidade de NampulaFoto: DW/J. Beck

MM: Exatamente. O ser mais vigilante não fica completo, a maior consciência de cidadania, na medida em que o próprio cidadão é mais um vigilante, as forças policiais também estão a desempenhar um papel importante, assim como a predisposição do judiciário para em momento oportuno julgar ou dirimir uma queixa eleitoral.

DW África: Acredita que a população ainda tem algum medo de falar abertamente sobre as suas preferências políticas, ou de usar uma camisa da oposição quando está a expressar as suas preferências partidárias?

MM: Penso que sim. Não podemos olhar para o eleitorado ou para a população e ver um corpo ou entidade homogênea. Não podemos ter uma única formulação, uma única conclusão. Nalguns sitios podemos dizer que há algum receio, mas noutros, sobretudo nas zonas urbanas, esse receio já não se pode colocar em dó maior.

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Cartaz da CNE apelando a participação nas eleições geraisFoto: DW/J. Beck

DW África: Pelo que me disse os programas dos partidos são muito parecidos. O que falta nesses partidos é o tema ou algo que possa fazer com que um partido se distinga?

MM: Claramente. Nas formulações económicas, porque alguém disse que os países são cada vez mais economia do que espaço territorial e político. O mais importante hoje é os governos conseguirem definir os seus territórios do ponto vista económico. E era importante também para este país dar o salto que toda a gente quer e anseia. Por exemplo, fala-se muito em oferecer mais emprego, mas poucos partidos formulam como vão dar mais emprego às pessoas. Mas essa matéria é eminentemente económica.

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