Sinprof denuncia detenções e coações sobre os docentes
7 de abril de 2017A posição foi expressa esta sexta-feira (07.04) à agência de noitícias Lusa pelo presidente do Sindicato dos Professores Angolanos (Sinprof), Guilherme Silva, no balanço desta greve de três dias, que se fez sentir sobretudo em Luanda, mas também noutras províncias de Angola, sublinhando que a adesão foi "esmagadora".
"É um recado para o patronato, que no começo dizia que a greve não teria adesão superior a 10%. A adesão supera os 90% e isso revela a desmotivação dos professores", disse o sindicalista.
Professores querem "maior valorização”
Guilherme Silva exortou o Governo a fazer uma "leitura" desta greve, porque os professores "são profissionais que formam outras profissões" e que precisam "maior valorização", recordando mesmo que estará à vista nova paralisação caso as inquietações da classe docente não sejam respondidas, como aumentos salariais ou progressão nas carreiras.
"É este o recado que os professores dão ao Governo e se insistirem na arrogância, então os professores voltarão à carga no intervalo de 24 de abril a 05 de maio, podendo haver uma nova paralisação", sublinhou.O Sinprof diz aguardar desde 2013 por respostas do Ministério da Educação e das direções provinciais de Educação ao caderno reivindicativo, nomeadamente sobre o aumento do salário, a promoção de categoria e a redução da carga horária, mas "nem sequer 10% das reclamações foram atendidas".
Detenções feitas polícia
No decurso da greve que cumpre esta sexta-feira o seu terceiro e último dia, pelo menos dois professores foram detidos pela polícia.
"Tivemos detenções na província do Cuanza Norte, onde uma colega nossa foi detida e solta no mesmo dia. Tivemos igualmente detenções no município de Cacuaco [Luanda], onde de seguida o nosso colega foi solto. São formas de pressões e ameaças que violam a lei da greve", precisou.
Mais greve em abril?
O presidente daquele sindicato acrescentou que professores do quadro probatório, contratados em regime eventual, "foram coagidos" neste processo, a fim de não aderirem à greve.
"É chantagem e jogo baixo dos dirigentes do Ministério da Educação. Ninguém será despedido e se eles tentarem fazer isso, nós vamos recorrer ao tribunal para resolver a questão", advertiu.O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.
Na segunda-feira (10.04), segundo o responsável, os professores retomam o curso normal das aulas, esperando por verem solucionadas pelo menos a atualização de categorias e o pagamento "na totalidade" dos subsídios já aprovados, sob pena de voltarem à greve a 24 de abril.
O sindicalista refere por outro lado, que os professores continuam dispostos a dialogar e aguardam por algum "sinal" do Governo. "O medo está vencido, estamos abertos ao diálogo antes, durante ou depois da greve", concluiu.
Central sindical solidária com greve dos professores angolanos
A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) manifestou solidariedade para com a greve de professores do ensino geral, devido à "nobreza das causas" em reivindicação.
Numa moção de solidariedade, a CGSILA manifestou ainda o seu "sentimento de repúdio" contra os pronunciamentos dos dirigentes da Federação Sindical de Trabalhadores da Educação, Cultura, Desporto e Comunicação Social, filiados na União Nacional dos Trabalhadores Angolanos, a maior confederação sindical do país.A CGSILA repudiou o facto de a referida federação sindical ter considerado os dirigentes do Sindicato de Professores (Sinprof) e os professores do subsistema de Ensino Não Universitário como "antipatriotas", estando estes "no exercício dos seus direitos consagrados pela Constituição e por Leis angolanas".
No documento, os sindicalistas sublinham que a Constituição da República de Angola reconhece aos trabalhadores a liberdade de criação de associações sindicais para a defesa dos seus interesses individuais e coletivos, nomeadamente a greve.
A concluir, a CGSILA "reafirma a unidade pelo trabalho, pela Justiça e pelo progresso social".
O Sinprof diz aguardar desde 2013 por respostas do Ministério da Educação e das direções provinciais de Educação ao caderno reivindicativo, nomeadamente sobre o aumento do salário, a promoção de categoria e a redução da carga horária, mas "nem sequer 10% das reclamações foram atendidas".