Projeto ferro-portuário entre Tete e Zambézia não avança
5 de abril de 2024A primeira pedra do projeto ferro-portuário para ligar a região de Supinho à província de Tete, que também inclui a construção de um porto de águas profundas em Macuse, no distrito de Namacurra na Zambézia, foi lançada em 2017 pelo então ministro Carlos Mesquita, na Governação de Armando Guebuza.
Na altura o projeto foi concessionado à Thai Moçambique Logística (TML), uma companhia tailandesa que detém 60 porcento das ações da empresa. Mas, desde então, os trabalhos não têm progredido.
Os trabalhos no terreno, que deveriam ter começado em 2017, até à data, praticamente não começaram, o que não está a agradar nem às autoridades locais, nas regiões envolvidas, nem à população. O plano inicial previa que comboios e navios começassem a circular em 2022. Mas isso não aconteceu e não há sinais de que isso possa acontecer a médio prazo, de acordo com a população local.
Governo de Moçambique está a perder a paciência
Agora até o governo central se pronunciou sobre o assunto: na semana passada, o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, disse estar agastado com a morosidade na execução do projeto que ligaria as duas províncias do centro de Moçambique, Zambézia e Tete, por via ferroviária com 650 quilómetros de extensão.
Segundo o ministro, a culpa, no entanto, não pode ser atribuida ao governo, mas sim às empresas privadas envolvidas no projeto.
"Neste momento, nós trabalhamos com o sector privado como um motor dinamizador e nem tudo que está a ser feito pelo setor privado, nem tudo está sob controlo do Governo. Neste caso de Macuse, o setor privado está a falhar. Já ouvimos muitas promessas e incondicionalismos do momento, como a Covid-19. Eu acho que isso não pode ser desculpa para encontrarmos soluções arrojadas e urgentes", afirmou.
Populações exigem explicações
Várias vezes o governador Pio Matos e outras entidades da província da Zambézia têm sido confrontados pelos populares sobre este projeto. Mas a resposta não tem sido sólida.
O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, que participou no evento de lançamento do projeto, em entrevista à DW, também exprime a sua impaciência: "Estamos a ficar desapontados com a falta de celeridade na implementação do projeto. Nós já ouvimos muitas justificações, já ouvimos muitas promessas.
"Aquilo que era última esperança também está a ficar sem pernas para andar. Apelo aos responsáveis que sejam honestos e que venham a público dizer qual é o problema. As justificações variam de ano para ano, nós estamos preocupados", sublinha.
Empresários responsabilizam governo e consórcio
O representante da Confederação das Associações Económicas de Moçambique na província da Zambézia, Carlos Joaquim, também se mostra indignado com a situação.
Segundo Carlos Joaquim, o governo central é que devia dar explicações. "Eu gostaria que o ministro Magala dissesse o que é que está por detrás destes atrasos neste projeto. Queremos saber se o porto de Macuse avança ou não", frisa.
"O ministro devia ter procurado esse grupo de empresários, que participam no projeto, para saber em que estado financeiro está este porto. O que nós podemos dizer é: a Zambézia está com muito azar: cada ano que passa, mentem, dizendo que há projeto, e depois, vem outro governo e diz que não há nada disso", lamenta Joaquim.
A DW contactou a companhia Thai Logística Moçambique, na Zambézia, mas os gestores ali colocados encaminharam-nos para a sede da empresa em Maputo. A DW também contactou os responsáveis da Thai Logística Moçambique na capital, mas não foi possível obter qualquer reação.