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Protesto da oposição nos Camarões termina com 20 detidos

kg | Lusa | EFE
27 de outubro de 2018

Militantes da oposição fizeram manifestação em Duala, no oeste do país, contra vitória do Presidente Paul Biya nas eleições. Com 15% dos votos, candidato da oposição, Maurice Kamto, alega ser o vencedor.

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Maurice Kamto, líder do MRC, diz ser o ganhador das eleições nos CamarõesFoto: AFP/Getty Images

Pelo menos 20 pessoas foram detidas este sábado (27.10) durante uma passeata contra os resultados das últimas eleições presidenciais nos Camarões, que deram a vitória ao Presidente Paul Biya, agora no sétimo mandato. Segundo meios de comunicação locais, entre os presos, está o jornalista Mathias Mouende Ngamo.

A manifestação ocorreu na cidade de Duala, no oeste do país, em apoio a , líder do Movimento para o Renascimento de Camarões (MRC), que contesta o resultado das eleições realizadas a 7 de outubro.

Segundo fontes do partido consultadas pelo portal Actu Cameroun, os militantes foram detidos pelas forças de segurança quando estas atuavam para dissolver o protesto.

Kamerun Präsident Paul Biya
No poder desde 1982, Paul Biya cumpre sétimo mandato presidencialFoto: picture-alliance/dpa/J. Warnand

Os resultados oficiais das eleições deram a vitória ao presidente de Camarões, Paul Biya, com 71,28% dos votos, enquanto Kamto ficou com apenas 14,23% dos votos. O antigo ministro da Justiça e advogado assegura que estes números são falsos e diz que foi o verdadeiro ganhador da eleição. Os resultados das eleições deste ano são ligeiramente menores que os da última eleição, em 2011, quando Biya ganhou 78% dos votos.

No cargo desde 1982, Paul Biya é o líder há mais tempo no poder em África depois do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang. O Presidente camaronês, de 85 anos, já está no poder há 36 anos. O sétimo mandato garantirá a Biya mais sete anos no poder. No entanto, as divergências de opositores somadas à insatisfação popular dos camaroneses não deverão garantir a Biya um mandato de aceitação plena.

Votação marcada por violência

O dia de votação foi marcado pela violência nas duas áreas anglófonas independentistas do país - o noroeste e o sudoeste -, nas quais morreram três pessoas, pelo menos duas delas supostos membros do grupo insurgente Forças de Defesa da Ambazonia (ADF).

Separatistas exigem a independência de duas regiões onde a esmagadora maioria da população anglófona vive. Ao todo, no país, cerca de um quinto dos camaroneses pertence à minoria anglófona, o restante dos habitantes à maioria francófona.

Além da crescente violência nas áreas anglófonas, o Presidente camaronês enfrenta problemas como o alto nível de desemprego, com uma taxa juvenil que excede os 70%, assim como uma economia frágil e corrupção endémica nas instituições do Governo.

Acredita-se que Biya tenha passado um terço do seu tempo, ou mais, fora dos Camarões. Na Suíça, segundo a rede internacional OCCRP (Projeto do Relatório para Crime Organizado e Corrupção), ele teria se hospedado em um hotel cinco estrelas de Genebra, juntamente com sua esposa e até 50 funcionários. A conta total do hotel, bem como o custo do jato privado, especialmente fretado, são estimados em cerca de 156 milhões de euros.