Pré-eleições: Tumultos na Beira fazem dois feridos
21 de agosto de 2023Simpatizantes da FRELIMO e do MDM agrediram-se mutuamente, recorrendo a paus, durante a cerimónia do 116.º aniversário da elevação da Beira à categoria de cidade, no domingo (20.08).
Há registo de, pelo menos, dois feridos ligeiros, incluindo um agente da polícia, que tentava restabelecer a ordem durante os tumultos. Depois de foram serem assistidas no Hospital Central da Beira, as "duas pessoas passaram pela esquadra para participarem estes casos", informou Daniel Macuácua, porta-voz da polícia em Sofala.
Motivos por apurar
A polícia não avançou os motivos dos tumultos. Presume-se, no entanto, que o desejo de alguns simpatizantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) de ocupar lugares cimeiros para assistir à cerimónia de aniversário da cidade, e a vontade de empunhar bandeiras e vestes partidárias, pode ter precipitado a confusão.
Moçambique já está em clima de pré-campanha. Faltam menos de dois meses para as eleições autárquicas, marcadas para 11 de outubro.
"Cultura da paz"
Os tumultos de domingo, na Beira, duraram cerca de uma hora, sem que a polícia conseguisse controlar a multidão. A força canina foi acionada para conter a violência.
Durante as cerimónias, o edil da cidade da Beira, Albano Carige, apelou à calma e pediu desculpa às individualidades presentes, incluindo ao governador de Sofala, Lourenço Bulha, e à secretária de Estado, Stella Zeca.
"Assistiram a pancadaria, mas esta não é a nossa cultura. Por isso é que a bandeira do MDM é de cor branca, de paz", frisou o autarca do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) durante o seu discurso, no domingo.
MDM culpa FRELIMO
O presidente do partido, Lutero Simango, acusou esta segunda-feira a FRELIMO de ter engendrado tudo para boicotar as festividades.
"Ontem assistimos com muita tristeza à tentativa de um grupo de um certo partido político que se encontra na oposição aqui na cidade da Beira de querer inviabilizar as festas dos 116 anos da cidade da Beira", disse Simango. "Esses promotores devem ser chamados à razão e responsabilizados."
Simango criticou ainda a atuação da polícia moçambicana.
"A polícia demostrou ontem mais uma vez o seu caráter partidário e a intolerância política", afirmou.
À imprensa, a FRELIMO denunciou a existência de "desinformação" com cunho político, para manchar a imagem do partido. "A FRELIMO repudia este e quaisquer atos de desordem e exorta a população de Sofala a distanciar-se de grupos de pessoas com este tipo de comportamento desabonatório", apelou esta tarde Maria Carlos, porta-voz do partido em Sofala.
Maria Carlos saudou ainda a pronta intervenção da polícia moçambicana, que soube, nas suas palavras, gerir os ânimos dos membros do MDM que "fomentavam a desordem". Pediu ainda uma investigação às "circunstâncias em que a violência ocorreu".
No resto do país, multiplicaram-se as mensagens de condenação a estes atos na Beira. Em Quelimane, políticos dos partidos Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e FRELIMO estiveram hoje de mãos dadas nas celebrações do 81. aniversário da cidade.
Artigo atualizado às 20:54 (CET) de 21 de agosto de 2023, acrescentando a reação da FRELIMO.