Príncipe aprova plano de desenvolvimento sustentável
21 de março de 2012O dinheiro deverá ser investido na melhoria das infra-estruturas, transporte, educação e turismo. Estas são as linhas mestras do plano que pretende transformar a Ilha do Príncipe numa das regiões mais desenvolvidas do Golfo da Guiné.
Durante os próximos 15 anos, o plano de desenvolvimento sustentável para a Região Autónoma do Príncipe será o documento orientador sobre os caminhos que deverão ser seguidos para desenvolver a ilha. Um plano que, segundo o presidente do governo regional, José Cassandra, vai definir como serão os investimentos futuros.
"Estamos com um documento que dá-nos a capacidade de dizer o que queremos para o desenvolvimento do Príncipe. Não é o António chegar e dizer que quer fazer um teatro não sei aonde. Ele não vai fazer esse teatro lá. Ele tem que obedecer ao que está no plano e este não nos permite desviar", afirma.
Turismo, instrumento do desenvolvimento
Saúde, educação, transporte, conservação da natureza e infra-estruturas são as grandes prioridades de investimentos contidos no plano. José Duarte, representante da empresa responsável pela elaboração do projecto, garante que a concretização desses investimentos significará o desenvolvimento do turismo responsável na ilha.
"Concretiza-se através das fileira de produtos. Concretiza-se através de um instrumento poderoso que é o turismo, um instrumento transversal porque, no fundo, mexe com todas as atividades cotidianas do ser humano: a cultura, a identidade, as atividades económicas, os hotéis, os restaurantes etc", diz.
Algumas dessas prioridades, como o plano de gestão do abastecimento de água para a população do Príncipe e a construção de escolas, começam a ser executadas já em 2012 - financiadas por parte do orçamento do governo regional, aprovado e orçado num total de cerca de sete milhões de euros. Mas a grande fatia dos 73 milhões de euros necessários para implementação completa deste plano vai depender ainda de financiamentos externos.
Importância do investimento estrangeiro
O investimento estrangeiro será a forte aposta, como aponta o presidente do governo regional, José Cassandra. "Vamos começar um trabalho de diplomacia com os parceiros de São Tomé e Príncipe. Que possam vir e participar desse processo. Entendemos que STP só poderá desenvolver-se se houver investimento estrangeiro e este tem que se envolver conosco nesse processo de desenvolvimento que queremos", destaca Cassandra.
O grupo sul africano HBD-Vida Boa será um desses parceiros. Um acordo de investimento que rondam os 70 milhões de euros para os próximos nove anos foi assinado com o governo regional e central. Este documento antecede a aprovação do plano, mas irá contribuir para a implementação de parte do mesmo.
Segundo o administrador executivo para os projectos em STP, Nuno Rodrigues, o grupo quer apostar no turismo ecológico da Ilha do Príncipe e para isso pretende ampliar o aeroporto local, construir hotéis, melhorar os transportes, formar e dar emprego aos moradores da ilha.
Rodrigues explica que há a necessidade de ter um centro de formação, "porque o compromisso que assumimos com o Estado são-tomense foi trazer alguns expatriados, mas também formar os locais. Portanto, o recurso à mão de obra local será prioritário. Entre 90 e 95% das pessoas que trabalharão nos nossos resorts terão que ser locais. E também com a instalação de um novo sistema de carpintarias para o desenvolvimento de qualidades e mão de obra local, porque muitos dos resorts terão foco na área de madeira tradicional", explica Rodrigues.
A Ilha do Príncipe poderá ser, dentro de 15 anos, uma das regiões mais atractivas e desenvolvidas do Golfo da Guiné. Tudo vai depender da execução do plano apresentado.
Autora: Edlena Barros
Edição: Cris Vieira / Renate Krieger