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Putin: Rússia também tem armas para atingir o Ocidente

DW (Deutsche Welle) | AFP | Lusa | tms
29 de fevereiro de 2024

No Parlamento, em Moscovo, Vladimir Putin advertiu que a Rússia tem armas capazes de atingir alvos no Ocidente. E que o seu país estar a ser alvo de ameaças que poderiam criar um conflito nuclear.

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Vladimir Putin proferiu em Moscovo o seu 19º discurso sobre o Estado da Nação
Vladimir Putin proferiu em Moscovo o seu 19º discurso sobre o Estado da NaçãoFoto: Evgenia Novozhenina/REUTERS

"Nós também temos armas capazes de atingir alvos no vosso território", afirmou Vladimir Putin, esta quinta-feira (29.02), ao discursar sobre o Estado da Nação na Assembleia Federal em Moscovo, transmitido a nível nacional e até em algumas salas de cinema.

O líder russo referia-se ao Ocidente, a quem o Kremlin tem acusado de estar a fornecer armas a Kiev capazes de atingir alvos no interior da Federação Russa.

Putin acusou ainda o Ocidente de fazer ameaças contra a Rússia que estão a criar um risco real de um conflito nuclear.

"Ameaça real" de conflito nuclear

"Tudo o que estão a inventar neste momento, tudo o que estão a assustar o mundo, é uma ameaça real de um conflito que envolve o uso de armas nucleares, o que significaria a destruição da civilização", afirmou.

Putin considerou disparatadas alegações de que a Rússia pretende atacar a Europa. "O Ocidente provocou um conflito na Ucrânia, no Médio Oriente e noutras regiões do mundo e continua a mentir", afirmou, citado pela agência russa TASS.

"Agora, sem qualquer embaraço, dizem que a Rússia tenciona atacar a Europa. Vocês e eu compreendemos que eles estão a dizer disparates", disse Putin.

Discurso de Putin foi transmitido pela televisão em também em salas de cinema da Rússia
Discurso de Putin foi transmitido pela televisão em também em salas de cinema da RússiaFoto: Evgenia Novozhenina/REUTERS

Envio de tropas para a Ucrânia

O líder russo também advertiu a NATO para as consequências desastrosas se enviar tropas para a Ucrânia, segundo a agência espanhola EFE.

"Começaram a falar sobre a possibilidade de enviar contingentes militares da NATO para a Ucrânia, mas lembramo-nos do destino daqueles que uma vez enviaram tropas para o território do nosso país", afirmou, aludindo à vitória soviética contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

"Mas, agora, as consequências para os potenciais intervencionistas serão muito mais trágicas", advertiu o líder russo.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu recentemente a possibilidade do envio de tropas ocidentais para a Ucrânia para ajudar a combater a invasão russa, mas os parceiros da NATO rejeitaram tal possibilidade.

Corrida aos armamentos

Putin afirmou que o Ocidente está a tentar fazer com que a Rússia cometa o mesmo erro que a União Soviética de se envolver numa corrida aos armamentos. Referiu que a União Soviética dedicou 13% do Produto Interno Bruto (PIB) à corrida aos armamentos, enquanto a Rússia irá atribuir 6% do PIB à Defesa até 2024. Disse também que Moscovo tenciona desenvolver o complexo técnico-militar a fim de reforçar o potencial industrial, tecnológico e científico do país.

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Putin descreveu como infundadas as acusações dos Estados Unidos de que a Rússia pretende instalar armas nucleares no espaço. Mas reafirmou que as forças nucleares estratégicas da Rússia estão "em plena prontidão de combate".

"Sem uma Rússia forte e soberana, não será possível uma ordem mundial forte", disse.

Putin assegurou também que a Rússia está disposta a dialogar com todos os países para criar um novo contorno de segurança igual e indivisível na Eurásia. 

"Agressão do terrorismo internacional"

Ao longo do discurso, Putin fez uma série de referências à invasão russa da Ucrânia, ou à sua "operação militar especial", como lhe chama.

O Presidente afirmou que a Rússia provou a sua resistência face à "agressão do terrorismo internacional" e que "apoiámos os nossos irmãos e irmãs e o seu desejo de estarem com a Rússia", uma referência à afirmação frequente do Kremlin de que invadiu a Ucrânia para evitar a perseguição dos falantes de russo.

Também fez alusão à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, dizendo que era o aniversário do que ele chamou de "primavera Russa". Putin afirmou que a maioria da população apoiou a ação militar na Ucrânia.

O Presidente Vladimir Putin proferiu o seu discurso sobre o Estado da Nação a menos de três semanas das eleições presidenciais – das quais os principais políticos da oposição foram excluídos da votação.

O discurso surge na véspera do funeral, em Moscovo, do principal opositor de Putin, Alexei Navalny, que morreu na prisão a 16 de fevereiro em circunstâncias pouco claras.

Putin, que nunca se referiu ao líder da oposição pelo nome, manteve até agora o silêncio sobre a morte de Navalny, que provocou indignação no país e no estrangeiro.

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