Pão em Moçambique não ficou mais caro mas ficou mais leve
28 de julho de 2016O preço não subiu, mas o pão está mais "leve". "Temos comprado o pão por aqui. Mas temos notado que há uma ligeira diferença em termos do peso”, queixa-se Nelo Taju, entre outros cidadãos ouvidos pela DW África.
Raul Alexandre alega que, antigamente, um pão chegava para duas pessoas e agora só dá para uma. "Não sei se enchem com mais [fermento] Royal ou não sei qual o produto que usam para o pão dilatar. Você pode ver um pão dilatado, mas quando se pega, ele parece que encolhe facilmente. Quer dizer que alguma coisa não está bem", observa o consumidor.
A farinha de trigo está mais cara. Por isso, os panificadores avisaram que iam subir o preço do pão. O Governo antecipou-se e decidiu reintroduzir subsídios para travar o aumento. Assim, os panificadores saudaram a decisão e mantiveram os preços.
Panificadores negam alterações
Os panificadores negam as acusações dos populares de que o pão está a ser vendido com menos peso. "Ainda estamos a aplicar o mesmo peso. Ainda não reduzimos e mantemos também o mesmo preço", garante Vicente Macie, gerente de uma padaria em Maputo.
Atanásio Vicente, outro gerente de uma padaria, ficou bastante satisfeito ao ouvir a notícia de que o Governo iria voltar a atribuir os subsídios. O que representa uma ajuda porque os preços das matérias-primas, "da farinha e da vitamina, subiram", refere.
O gerente conta que antes comprava "vitamina" que custava 1.600 meticais (20 euros), mas agora já está a 2.100 meticais (30 euros). "Cada dia que passa tudo sobe. É uma situação que o país vive. Não são só os panificadores”, lamenta Atanásio Vicente.
O gerente de padaria defende que se há preço que não deve subir é o preço do pão. "Acho que o Governo tem razão porque me defende a mim também como povo. Se aumenta o preço do pão, o que vamos comer?", indaga.
Esta não é a primeira vez que o Executivo moçambicano subsidia o pão. Entre 2010 e 2015, o Governo terá desembolsado mais de 1,7 mil milhões de meticais (mais de 35 milhões de euros) de subsídio ao preço de pão. A medida de apoio foi suspensa em outubro de 2015 por ser considerada insustentável.
Em 2010, a subida do preço do pão e de outros produtos de primeira necessidade provocou protestos populares violentos na capital moçambicana, Maputo, que resultaram, na morte de várias pessoas.