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"Péssimo" ano agrícola em Cabo Verde

Nélio dos Santos (Cidade da Praia)17 de novembro de 2014

Em Cabo Verde, os agricultores e a população em geral contabilizam os prejuízos e perspetivam dias difíceis. Em algumas zonas já se fala de casos de fome. O Governo anunciou 1,7 milhões de euros em ajuda.

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Foto: DW/D. Almeida

Este foi um mau ano agrícola em Cabo Verde. Este ano choveu muito pouco no país. Se numa situação normal a vida dos homens do campo já não é fácil, sem chuva ela piorou.

"Como vê, estamos sentados debaixo desta árvore sem nada para fazer. Limpamos terreno e lançamos as sementes, mas [não colhemos] nada. E quem tem animais não tem pasto", diz um agricultor do concelho de Santa Catarina, na ilha de Santiago, onde a maioria da população vive do setor agrário. "Eu já perdi mais de vinte cabeças de gado", acrescenta outra agricultora.

Dürre in Kap Verde
Ministra do Desenvolvimento Rural, Eva Ortet, acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina durante uma visita a agricultores afetados pela falta de chuvaFoto: DW/D. Almeida

A preocupação e o desespero tendem a tomar conta de quem trabalha no campo. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, Francisco Tavares, face ao mau ano agrícola, já há pessoas a passar fome: "O ano agrícola está perdido em Santa Catarina, tal como no resto de Cabo Verde. Estamos a falar do terceiro maior município do país e o maior município em termos de produção pecuária."

Cenário "desanimador"

O Presidente da República, o primeiro-ministro, diferentes membros do Governo e deputados dos três partidos com assento parlamentar desdobram-se em visitas aos concelhos mais agrícolas do país.

Jorge Nogueira, do partido Movimento para a Democracia (na oposição), diz que o ano agrícola na ilha do Fogo não foi mau, foi “péssimo”. Dois deputados do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), Carlos Delgado e Armindo Maurício, regressaram desanimados de Santo Antão. No Parlamento, lançaram o grito de socorro.

"As visitas que efetuámos a algumas zonas da ilha deram-nos um panorama bastante desanimador: homens desanimados, mulheres com dificuldades, gado a dizimar-se...", afirmou Carlos Delgado.

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"Não havendo pasto haverá muitos problemas relacionados com o gado", alertou, por sua vez, o deputado Armindo Maurício. "O queijo e a carne são os produtos que sustentam a maior parte das famílias que vivem no campo e esses vão desaparecer."

Ajuda estatal a caminho

Para ajudar as famílias rurais a enfrentar os efeitos negativos do mau ano agrícola, o primeiro-ministro cabo-verdiano anunciou a mobilização de 1,7 milhões de euros. Segundo José Maria Neves, o montante será usado para comprar rações e para o fornecimento de água.

Além disso, o Governo promete ainda apoiar as famílias mais carenciadas, nomeadamente através da distribuição de kits alimentares.

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