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Quais as prioridades da presidência de Angola na SADC?

José Adalberto
14 de agosto de 2023

Angola vai assumir a presidência rotativa da SADC. À DW, especialistas ressaltam que mandato do país deve focar na questão do corredor do Lobito, instabilidade na região dos Grandes Lagos e protocolo de livre comércio.

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João Lourenço, Angola Präsident
Foto: Getty Images/M. Spatari

Angola vai assumir, pela terceira vez, a presidência rotativa da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), na 43ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Região Austral, que terá lugar em Luanda no dia 17 de agosto de 2023.

O tema central do evento, que ocorre sob o lema "Capital Humano e Financeiro - Principais Fatores para a Industrialização Sustentável na Região da SADC", visa enfatizar a importância do desenvolvimento humano e financeiro como motores para uma industrialização duradoura na região. Além disso, a cimeira também marcará o término do mandato do atual presidente em exercício da SADC, Félix Antoine Tshisekedi Tshilombo, Presidente da República Democrática do Congo (RDC), à frente da organização regional.

Angola Luanda Osvaldo Mboco Universitätsprofessor
Osvaldo MbocoFoto: DW/M. Luamba

Para Osvaldo Mboco, especialista em relações internacionais, a presidência de Angola na SADC representa uma oportunidade valiosa para fortalecer a posição diplomática do país e demonstrar sua atuação proativa no cenário internacional:

"A diplomacia angolana deve mostrar sua eficácia e elevar o prestígio de Angola tanto dentro do bloco como em toda a SADC", afirma Mboco.

Instabilidade na região 

A instabilidade persistente na região dos Grandes Lagos, em particular na República Democrática do Congo, também deve ser uma preocupação da presidência angolana, segundo o analista político Osvaldo Mboco:

"A presidência de Angola poderá conjugar vários fatores e um dos fatores é as questões das regiões dos grandes lagos que pode estar na pauta de discussão ou então a questão da instabilidade no leste da Republica Democrática do Congo, a questão do corredor do Lobito, ou seja, Angola terá oportunidade sublime de colocar na agenda do bloco assuntos do interesse do país.”

Livre comércio

Embora esta não seja a primeira vez que Angola assume a presidência rotativa da SADC, o país ainda não implementou o protocolo de livre comércio entre os países membros do bloco. Isso tem gerado constrangimentos na realização de projetos regionais da SADC. Osvaldo Mboco enfatiza que a entrada gradual de Angola na zona de livre comércio é fundamental para a integração econômica da região:

"Angola, RDC e as Ilhas Seicheles até agora ainda não implementaram o protocolo de comércio livre, que também dificulta, ate certo ponto, os projetos a nível da SADC, quando a SADC já começa a discutir uma pauta comum e Angola ainda só está a fazer ajustes estruturais para a sua entrada gradual ao nível da zona do comércio livre”.

A SADC, que abriga uma população estimada em cerca de 296 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 1,2 trilhão de dólares, enfrenta diversos desafios económicos e políticos. O economista Eliseu Vunje enfatiza que Angola, ao assumir a presidência rotativa, deve colocar em foco a melhoria da cooperação económica e a otimização do uso dos recursos naturais para promover o crescimento sustentável dos países membros.

"Há de facto muitos desafios nesta presidência que Angola assumi, desde a questão da paz e segurança, estimular o próprio comércio a redução da pobreza das populações dos Estados-membros e maximizar os recursos naturais da própria região”.

Desde sua fundação em 1992, a SADC, composta por 16 países, tem se dedicado à cooperação e integração socioeconómica, além da colaboração em questões políticas e de segurança.

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