Que impactos terá a morte de Idriss Déby na região do Sahel?
22 de abril de 2021Os países da África Ocidental e a região do Sahel ainda não se conformaram com o falecimento de Idriss Déby, que terá sido morto por rebeldes enquanto defendia o país. O analista Kabiru Adamu considera que a morte do chefe de Estado "é um enorme golpe na situação e estrutura de segurança na região do Sahel."
"O Chade ocupou um papel estratégico em toda a região e Idriss Déby desempenhou uma posição de liderança em termos de gestão do conflito no Sahel'', lembra o especialista em segurança.
Para além de liderar a campanha de combate contra o Boko Haram, Déby ficou conhecido por defender a cooperação regional no exército conjunto multinacional e no grupo G5 dos países do Sahel.
"O desaparecimento de Idriss Déby terá certamente repercussões na segurança da sub-região, para o Sahel e, mais importante ainda, para a Nigéria e a região do Lago Chade", explica o capitão Sadeeq Garba, um estratega militar entretanto reformado.
Garba acredita que para o combate aos terroristas são necessários "super-homens", ou seja, pessoas que possam liderar estes processos. "Déby respondia pelo nome de super-homem, as suas Forças Armadas têm estado em todos os pontos problemáticos, definitivamente a sua ausência seria sentida'', acrescenta.
Receios de instabilidade regional
Kayode Fayemi, presidente do fórum dos governadores da Nigéria, defende que a morte de Idriss Deby suscitou preocupações sobre a possibilidade de instabilidade regional. "O que aconteceu no Chade revela uma outra ronda de instabilidade regional e isso é algo em que precisamos de trabalhar como país", diz.
As circunstâncias da morte de Idriss Déby ainda não foram confirmadas de forma independente, devido às dificuldades de acesso ao local dos combates no norte do Chade.
Inicialmente, alguns observadores temiam que Déby tivesse sofrido um golpe de Estado. Os militares entregaram imediatamente o poder ao seu filho, Mahamat Idriss Déby, de 37 anos, que deverá dirigir os destinos do país, num período transitório de 18 meses.
A indicação de Mahamat Idriss Déby como presidente interino do Chade não seguiu o protocolo constitucional do país, consideram analistas locais, inclusive a oposição chadiana, o que atiça a tese de que poderá ter havido um golpe.