Moçambique: "Queda do turismo não tem a ver com confrontos"
6 de março de 2014No pavilhão África da ITB, a Feira Internacional de Turismo de Berlim, o stand de Moçambique destaca as belezas do país. Apesar dos diversos atrativos, segundo os dados do Instituto Nacional do Turismo de Moçambique (INATUR), o número de visitantes estrangeiros caiu em cerca de 10%, de 2012 para 2013.
Para o diretor-geral do instituto, Hiuane Abacar, a queda no volume de visitantes não estaria relacionada nem aos confrontos armados entre a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição, e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no centro do país, nem aos casos de sequestros de estrangeiros. "Não ligo isto a turistas, porque nunca vi notícias nenhumas que me levem a isso. É algo sensível, mas que não tem impacto direto nos turistas", afirma.
Coincidência ou não, o turismo caiu no Parque Nacional da Gorongosa, localizado no distrito da Gorongosa, centro dos confrontos. Tido como a estrela do turismo moçambicano, o parque viu o número de visitantes cair muito: de cerca de 7 mil visitantes em 2012 para apenas 1.200 no ano passado.
INATUR está otimista
O alemão Marcus Trerup representa uma agência de viagens receptiva no país e lamentou a situação na região centro do país: "É muito triste porque Gorongosa é a joia do país e um destino maravilhoso. É muito bonito e especial", conta.
A maior queda de visitantes registrou-se entre os turistas africanos. Entre os europeus, foram cerca de seis mil turistas ingleses a menos em 2013. Em contrapartida, os alemães quase dobraram a presença no país, subindo para quase 21 mil visitantes no ano passado.
O diretor-geral do Instituto Nacional do Turismo explica que, além da imprensa, um outro fator contribuiu para atraí-los: "Pelo menos 10% ou 20% foram dizendo aos amigos e familiares que vale a pena visitar Moçambique, dai que vimos lá muitos alemães."
Hiuane Abacar quer destacar os atrativos de seu país e apresenta uma longa lista dos destinos moçambicanos que considera os mais fascinantes: "A Ilha de Bazaruto, Benguerra, São Sebastião. Temos lá mergulho, cultura... Não falei da Ilha de Moçambique que é um destino muito procurado, também vão a Inhambane, seja Vilankulo ou Tofo, também vão a Maputo, porque as pessoas gostam do estilo da cidade de Maputo, tanto de dia como de noite."
Abacar diz-se otimista e espera que a receita proveniente do turismo se mantenha estável, apesar do descréscimo de visitantes estrangeiros. "Podemos ter menos pessoas, desde que tenhamos mais receitas e isso passa por muitos mais gastos feitos em Moçambique, é o enriquecimento do produto que faz com que as pessoas gastem muito mais, fiquem mais tempo no país, é mais passeio, são mais souvenirs e alimentos", observou.
Turismo diferenciado
Muitos também estão animados em vender os destinos moçambicanos. Barbara Kuhn, gerente-geral da operadora de turismo Mozambique Voyages da África do Sul, diz que as vendas antecipadas para 2014 cresceram em pelo menos 15%.
E para provar que os problemas não superam as vantagens de uma passeio em Moçambique, ela conta que esteve lá em setembro do ano passado, com o marido e os dois filhos pequenos.
Barbara Kuhn enumera as vantagens: "Observando as pequenas instâncias onde ficamos hospedados, é um serviço mais personalizado, uma experiência mais autêntica. Não irão ficar rodeados de outros 500 turistas. É menor, mais privado e exclusivo."