Quelimane: Polícia trava protesto contra Manuel de Araújo
12 de dezembro de 2018As bancadas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na Assembleia Municipal de Quelimane, no centro de Moçambique, convocaram uma greve para esta quarta-feira (12.12), em protesto contra o edil Manuel de Araújo, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Os membros da assembleia tencionavam fechar as portas do Conselho Municipal, mas a greve não se chegou a realizar. O acesso ao edifício foi bloqueado, de madrugada, por dezenas de agentes da polícia. A corporação recusou prestar declarações à DW África.
Foram horas de tensão na cidade. Vários militantes da RENAMO também foram para junto do Conselho Municipal. "Estamos aqui porque haveria uma manifestação contra Manuel de Araújo. Como membros do partido RENAMO, estamos aqui para darmos segurança ao nosso cabeça de lista", disse Citiana Domingos.
Cândido Bonde, outro membro da RENAMO, também foi até ao edifício do Conselho Municipal para defender Araújo e disse sentir-se "feliz" porque "a suposta manifestação que os membros da Assembleia Municipal pretendiam realizar não foi feita."
Salários em atraso por "vingança"?
MDM e FRELIMO reivindicam mais de dois meses de salários em atraso, segundo Listano Evaristo, delegado do MDM, o partido que tem a maioria na Assembleia Municipal de Quelimane. "Estamos preocupados com os nossos subsídios, que é de lei. Os salários estão arquivados", explica.
A DW tentou contactar o edil de Quelimane por telefone, mas sem sucesso.
O braço-de-ferro entre os 39 membros das bancadas do MDM e da FRELIMO e Manuel de Araújo dura há vários meses. O edil tem-se recusado a pagar os salários, porque as sessões da Assembleia Municipal estão suspensas desde que Araújo mudou de partido, do MDM para a RENAMO.
Manuel de Araújo exige o fim da suspensão das sessões na Assembleia Municipal como condição para pagar os salários. Mas os membros da Assembleia querem os salários já.
Para Rijone Bombino, o chefe da bancada da FRELIMO, a falta de pagamento de salários é "apenas uma vingança, é falta de respeito". "Os membros estavam preparados para se manifestar, para mostrar o seu desagrado e desapontamento, para repudiar a má gestão que está a acontecer aqui no município, diz.
Listano Evaristo, do MDM, promete continuar a lutar: "A greve não parou. Estamos em negociação para vermos qual é a reação da outra parte. Depende deste consenso."