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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Quem é o novo líder do Hamas, Yahya Sinwar?

Ines Eisele
8 de agosto de 2024

Quase uma semana após a morte de Ismail Haniyeh, o grupo islamista Hamas tem um novo líder. Sinwar é considerado mais radical do que o seu antecessor. O que se pode esperar dele?

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Jahja Sinwar, o novo líder do Hamas
Foto: Wissam Nassar/Xinhua/picture alliance

Há cerca de uma semana, o anterior chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto num atentado em Teerão. Agora, o grupo radical islâmico palestiniano, que é considerado uma organização terrorista pela Alemanha, União Europeia, EUA e outros países, nomeou Yahya al-Sinwar como seu sucessor.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, disse que a nomeação era "mais um motivo imperioso para eliminá-lo rapidamente". Sinwar já estava no topo da lista de alvos do Governo israelita.

Quem é Yahya al-Sinwar?

Sinwar tem liderado o Hamas na Faixa de Gaza desde 2017. Atualmente, vive num local desconhecido – suspeita-se que esteja escondido nos túneis da organização sob a zona costeira.

Como anunciou o Hamas na terça-feira, Sinwar será agora o "chefe do gabinete político" da organização. O seu antecessor, Haniyeh, ocupava esta posição em Doha, capital do Qatar, e era considerado o chefe diplomático do Hamas.

Sinwar é visto como o mentor do ataque brutal do Hamas a Israel de 7 de outubro de 2023. Nesse ataque, cerca de 1.200 pessoas foram mortas no sul do país e mais de 250 foram sequestradas.

Em resposta, Israel tem levado a cabo uma intensa ação militar contra alvos na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, cujos dados não podem ser verificados de forma independente, mais de 39.650 pessoas foram mortas até agora.

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A sua participação no ataque terrorista fez de Sinwar, mesmo antes da sua nomeação como chefe do gabinete político do Hamas, um dos membros mais procurados da organização. Desde 7 de outubro que ele não é visto publicamente.

Entre os próprios palestinianos, ele é muito popular, sendo considerado como a "vanguarda da resistência armada" contra Israel, explica o especialista em segurança israelita Kobi Michael, do Instituto de Estudos de Segurança Nacionais da Universidade de Tel Aviv.

O "carniceiro de Khan Younis"

Nasceu em 1962 no campo de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. A sua família é oriunda da região da cidade costeira de Ascalão, atualmente em território israelita.

Quando o Hamas se formou durante a primeira Intifada palestiniana, no final dos anos 1980, na luta contra a ocupação israelita, Sinwar também esteve envolvido na criação do braço militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam. Nos primeiros anos do movimento, ele foi responsável por combater suspeitos de colaboração com Israel dentro das próprias fileiras. Na altura, Sinwar era tão brutal que ficou conhecido como o "carniceiro de Khan Younis".

Foi condenado a prisão perpétua quatro vezes pelo assassinato de dois soldados israelitas. Ao todo, Sinwar passou 23 anos numa prisão em Israel, onde se diz ter aprendido hebraico fluentemente. Em 2011, foi libertado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu num intercâmbio de prisioneiros.

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O que esperar de Sinwar como líder do Hamas?

É sabido que Sinwar quer alcançar uma liderança unificada em todos os territórios palestinianos, incluindo a Cisjordânia ocupada, que é governada pela Fatah, partido rival do presidente palestiniano Mahmoud Abbas.

Na sua nova posição, aos 61 anos, ele também é o principal responsável pelas decisões sobre troca de reféns e prisioneiros ou cessar-fogos. E segundo especialistas, ele poderá estar menos inclinado a aceitar uma trégua na Faixa de Gaza do que o seu antecessor, Haniyeh.

Neste sentido, a própria declaração do Hamas sobre a escolha de Sinwar parece ir nessa direção: A organização envia uma "forte mensagem" a Israel de que o Hamas "continuará a seguir o caminho da resistência", afirma Kobi Michael.

O especialista em segurança vê também na nomeação de Sinwar, considerado mais extremo do que Haniyeh, uma demonstração de poder. Ainda assim, a nomeação de Sinwar pode trazer novas oportunidades.

"Sinwar não pode liderar o Hamas a partir do túnel em Gaza onde se esconde. Como líder político, ele tem de atuar fora da Faixa de Gaza. E isso só será possível com um acordo para a libertação de reféns ou com um cessar-fogo."