Rafael Savimbi defende uma "nova Angola" cumpridora dos Direitos Humanos
12 de junho de 2014A violência praticada pela polícia contra jovens revolucionários que protestam contra a governação do Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a repressão às manifestações, as prisões arbitrárias e os atos de intimidação da população em Angola inquietam Rafael Massanga.
Rafael Massanga Savimbi é um dos filhos de Jonas Savimbi, ex-líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), morto em fevereiro de 2002, após uma longa perseguição levada a cabo pelas Forças Armadas Angolanas.
Rafael Massanga Savimbi, secretário para a mobilização urbana da UNITA, principal partido da oposição naquele país africano, sublinha que o direito à manifestação está consagrado na Constituição.
“Fazer manifestações em Angola é um direito que está na Constituição angolana”, frisa.
“Mas quando essas manifestações são reprimidas violentamente, então os que as reprimem é que estão a violar a Constituição. É normal que a Polícia Nacional e todos os órgãos envolvidos na segurança intervenham, porque devem garantir a tranquilidade, ordem e bem-estar. Mas quando estas forças partem para a violência, em geral física, é uma pena”, acrescenta o dirigente da UNITA.
Direitos Humanos são a prioridade
Obrigatoriamente nascido envolto no contexto político angolano, Rafael Massanga Savimbi, hoje com 36 anos, estudou gestão de empresas numa universidade do Gana. Os Direitos Humanos são, aos seus olhos, o assunto dominante.
“É uma questão preocupante… Hoje estivemos a visitar uma fundação que nos deu algumas cartilhas. Uma delas falava nos Direitos Humanos, mas outra falava nos Deveres Humanos. Significa que há direitos e deveres. Quando abordamos esta questão, estamos a falar sobretudo da proteção da vida humana. Nós temos que respeitar a vida independentemente da cor partidária, da religião… Temos de cultivar a tolerância, não só em Angola e África, mas também no mundo”, sustenta.
Em relação ao caso concreto angolano, Massanga Savimbi defende uma mudança estrutural para resolver os problemas da situação corrente.
“Só resta uma mudança do regime... Só assim o povo de Angola sentirá a diferença entre o que se vive hoje e o que se viverá quando outro assumir o poder”, explica.
“Precisamos de educar todos os que fazem parte deste processo. Estou a falar em particular da polícia, que é uma polícia nacional, republicana, de Angola, que tem de servir os angolanos e garantir a tranquilidade e a paz e não a violência contra os seus cidadãos”, alerta.
À procura de apoio político
Na qualidade de secretário nacional da UNITA para a mobilização urbana, Massanga Savimbi quer interagir mais com as cidades, com o “casco urbano” como lhe chama, depois de vários anos circunscrita às zonas rurais. O objetivo é mobilizar a sociedade angolana e fazer passar a mensagem partidária para atrair mais militantes e eleitores.
No longo percurso da vida do partido, que completa 50 anos em 2016, o dirigente reconhece que tem havido momentos altos e baixos. Recorrendo a uma metáfora, considera que a política não é para velocistas e acredita que a UNITA é um partido maratonista e resistente.
“A UNITA já teve muitos bons momentos, mas também já teve piores. O que estamos a viver hoje é um momento de recuperação. Tenho a certeza de que dias melhores ainda virão. Olho com bons olhos e segurança o futuro da UNITA. Angola só poderá caminhar e ter um futuro verdadeiro se aprofundarmos o processo democrático”, afirma.
Na semana passada, numa conferência no Parlamento português, em Lisboa, Rafael Massanga Savimbi pediu apoio aos amigos de Angola e da UNITA para que seja possível concretizar o desejo do partido e familiares com vista à transladação do corpo de Jonas Savimbi para a sua aldeia natal, Lopitanga, município de Andulo na província do Bié. O objetivo é a realização de um funeral com dignidade.