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Rafael Savimbi defende uma "nova Angola" cumpridora dos Direitos Humanos

João Carlos (Lisboa)12 de junho de 2014

O filho do falecido Jonas Savimbi defende que Angola se deve basear numa democracia efetiva. Rafael Savimbi integra uma delegação que visita Portugal e Espanha, chefiada por Raúl Danda, que procura apoios para a UNITA.

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Autoridades angolanas reprimem uma manifestação em Luanda, em maio de 2012Foto: Getty Images/Afp/Estelle Maussion

A violência praticada pela polícia contra jovens revolucionários que protestam contra a governação do Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a repressão às manifestações, as prisões arbitrárias e os atos de intimidação da população em Angola inquietam Rafael Massanga.

Rafael Massanga Savimbi é um dos filhos de Jonas Savimbi, ex-líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), morto em fevereiro de 2002, após uma longa perseguição levada a cabo pelas Forças Armadas Angolanas.

Rafael Massanga Savimbi, secretário para a mobilização urbana da UNITA, principal partido da oposição naquele país africano, sublinha que o direito à manifestação está consagrado na Constituição.

Nito Alves
Nito Alves, na altura com 17 anos, esteve detido em setembro de 2013 por usar uma t-shirt com a fotografia do Presidente de Angola e a palavra "Ditador"Foto: Maka Angola

“Fazer manifestações em Angola é um direito que está na Constituição angolana”, frisa.

“Mas quando essas manifestações são reprimidas violentamente, então os que as reprimem é que estão a violar a Constituição. É normal que a Polícia Nacional e todos os órgãos envolvidos na segurança intervenham, porque devem garantir a tranquilidade, ordem e bem-estar. Mas quando estas forças partem para a violência, em geral física, é uma pena”, acrescenta o dirigente da UNITA.

Direitos Humanos são a prioridade

Obrigatoriamente nascido envolto no contexto político angolano, Rafael Massanga Savimbi, hoje com 36 anos, estudou gestão de empresas numa universidade do Gana. Os Direitos Humanos são, aos seus olhos, o assunto dominante.

“É uma questão preocupante… Hoje estivemos a visitar uma fundação que nos deu algumas cartilhas. Uma delas falava nos Direitos Humanos, mas outra falava nos Deveres Humanos. Significa que há direitos e deveres. Quando abordamos esta questão, estamos a falar sobretudo da proteção da vida humana. Nós temos que respeitar a vida independentemente da cor partidária, da religião… Temos de cultivar a tolerância, não só em Angola e África, mas também no mundo”, sustenta.

Em relação ao caso concreto angolano, Massanga Savimbi defende uma mudança estrutural para resolver os problemas da situação corrente.

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“Só resta uma mudança do regime... Só assim o povo de Angola sentirá a diferença entre o que se vive hoje e o que se viverá quando outro assumir o poder”, explica.

“Precisamos de educar todos os que fazem parte deste processo. Estou a falar em particular da polícia, que é uma polícia nacional, republicana, de Angola, que tem de servir os angolanos e garantir a tranquilidade e a paz e não a violência contra os seus cidadãos”, alerta.

À procura de apoio político

Na qualidade de secretário nacional da UNITA para a mobilização urbana, Massanga Savimbi quer interagir mais com as cidades, com o “casco urbano” como lhe chama, depois de vários anos circunscrita às zonas rurais. O objetivo é mobilizar a sociedade angolana e fazer passar a mensagem partidária para atrair mais militantes e eleitores.

No longo percurso da vida do partido, que completa 50 anos em 2016, o dirigente reconhece que tem havido momentos altos e baixos. Recorrendo a uma metáfora, considera que a política não é para velocistas e acredita que a UNITA é um partido maratonista e resistente.

UNITA Flagge auf einer Kundgebung in Huambo in Angola
Bandeira da UNITA num comício do partido, em fevereiro de 2014Foto: DW/N. Sul D'Angola

“A UNITA já teve muitos bons momentos, mas também já teve piores. O que estamos a viver hoje é um momento de recuperação. Tenho a certeza de que dias melhores ainda virão. Olho com bons olhos e segurança o futuro da UNITA. Angola só poderá caminhar e ter um futuro verdadeiro se aprofundarmos o processo democrático”, afirma.

Na semana passada, numa conferência no Parlamento português, em Lisboa, Rafael Massanga Savimbi pediu apoio aos amigos de Angola e da UNITA para que seja possível concretizar o desejo do partido e familiares com vista à transladação do corpo de Jonas Savimbi para a sua aldeia natal, Lopitanga, município de Andulo na província do Bié. O objetivo é a realização de um funeral com dignidade.

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