António Guterres visita RDC devastada por violência e ébola
31 de agosto de 2019O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, iniciou este sábado (31.08) uma visita de três dias à República Democrática do Congo (RDC), num apelo para continuar os esforços na luta contra o ébola.
António Guterres quer mostrar pessoalmente a sua solidariedade para com o Governo e povo da RDC - a braços com o décimo surto de ébola, que matou mais de 2.000 pessoas desde agosto do ano passado, segundo dados do Governo congolês.
Na cidade de Goma, uma das mais afetadas pelo vírus, Guterres defendeu que a organização está "do lado das autoridades e do povo" no combate ao sarampo, à malária, à cólera e ao ébola.
"Existem grandes preocupações com a saúde. Há sarampo, malária, cólera e agora um drama terrível que é o ébola. Estamos totalmente do lado das autoridades congolesas e do povo congolês para enfrentar todos esses desafios", disse António Guterres, que falava aos jornalistas pouco após iniciar a sua visita.
O responsável da ONU sublinhou ainda que está a visitar o país em solidariedade e para expressar a sua admiração pelo o povo congolês e, em especial, aos habitantes de Kivu do Norte.
A RDC registou 2006 casos de ébola desde agosto do ano passado, fazendo deste o segundo pior surto da doença no país.
A mais recente vítima foi uma rapariga de nove anos da RDC que morreu no Uganda, reavivando o receio de que o vírus pudesse atravessar as fronteiras do país.
Histórico dos piores surtos
A epidemia mais mortal de ébola eclodiu na África Ocidental em dezembro de 2013 e durou mais de dois anos, matando mais de 11.300 pessoas, dos 29.000 casos registrados na Guné, na Serra Leoa e na Libéria. Este número, que a Organização Mundial de Saúde diz ser subestimado, foi sete vezes o número total de mortes em epidemias anteriores desde que o vírus foi identificado, em 1976.
A atual epidemia foi declarada em 1 de agosto de 2018 na província do Kivu do Norte da RDC, na fronteira com o Uganda, e propagou-se a Ituri e Kivu do Sul.
É o pior surto desde 2016 e ceifou 2006 vidas, segundo informaram as autoridades sanitárias da RDC, na sexta-feira (30.08).
Em resposta ao avanço da epidemia, o Uganda e o Ruanda tomaram medidas rigorosas nas suas fronteiras com a RDC.
Terrorismo em pauta
Ainda de Goma, António Guterres disse estar solidário com o povo e as forças armadas da República Democrática do Congo no combate ao terrorismo, problema que defendeu afetar o mundo inteiro.
"Trata-se de uma visita de solidariedade com o povo congolês. [Estamos solidários] com as forças armadas da República Democrática do Congo na luta contra o terrorismo, que é uma ameaça para África e para o mundo inteiro", defendeu perante jornalistas em Goma, pouco após o início da visita de três dias à RDC.
O secretário-geral da ONU disse também que a organização apoia as forças congolesas na eliminação progressiva dos grupos armados e na "pronta resposta" às necessidades de segurança do povo congolês e de Kivu do Norte.
A agenda deste sábado do secretário-geral da ONU em Goma inclui várias reuniões de caráter humanitário e conversações sobre as atividades da Missão de paz das Nações Unidas na RDC, a MONUSCO.
No domingo (01.09), António Guterres vai visitar um centro de tratamento e manter encontros com sobreviventes da doença e prestadores de cuidados de saúde.
Guterres encontra-se com o Presidente do país, Felix Tshisekedi, na segunda-feira (02.09) na capital, Kinshasa, onde será também recebido por membros do parlamento e representantes de organizações da sociedade civil.