RDC: Candidatos da oposição exigem repetição das eleições
22 de dezembro de 2023Na República Democrática do Congo (RDC), o voto foi apenas uma miragem para Nathalie Ntumba. Apesar das eleições gerais terem sido estendidas mais um dia devido aos problemas logísticos, esta eleitora congolesa voltou a não conseguir exercer o seu direito cívico na quinta-feira (21.12).
"Na televisão, disseram que todos têm de votar, mas se olharmos à nossa volta, a maioria não votou e as pessoas queixam-se disso… Aparentemente, a bateria da máquina acabou, não foi carregada e tudo mais... As pessoas precisam de votar, mas a maioria não votou", queixa-se.
Diversos problemas provocaram numerosos atrasos no processo eleitoral e impediram a abertura das assembleias de voto na quarta e também na quinta-feira.
Para o candidato presidencial Martin Fayulu, que concorre contra o chefe de Estado, Félix Tshisekedi, o sufrágio foi um caos deliberado. Em entrevista à DW, aponta o dedo à Comissão Eleitoral Nacional Independente.
"É um caos criado pelo presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), Denis Kadima. Ele sabia que a comissão não estava preparada para enviar todo o material de votação. Ele deveria ter adiado as eleições por uma semana ou dez dias, como aconteceu nas eleições anteriores", critica.
Fayulu vai mais longe, acusando: "Ele não as adiou, porque sabia muito bem que Tshisekedi não poderia vencer, e a única maneira de sobreviver era planear o caos que estamos a ter agora".
Quase 44 milhões de eleitores, de uma população total de cerca de 100 milhões, estavam registados para eleger o próximo chefe de Estado, bem como os deputados nacionais e provinciais e, pela primeira vez, os conselheiros locais.
Protestos à vista
Martin Fayulu exige a repetição das eleições: "Queremos eleições verdadeiras e que todos os congoleses votem, aqueles que não votaram. Até hoje muitas assembleias de voto não estavam abertas, embora o presidente da Comissão Eleitoral, o Sr. Kadima, tenha prolongado a votação. Além disso, a lei não permite que ele faça isso. A lei estipula que só se pode estender a votação por apenas algumas horas".
A responsabilização pelo falhanço eleitoral é outra reivindicação do candidato.
"Kadima e Tshisekedi têm de assumir a responsabilidade. Gastaram 1,1 mil milhões de euros e têm de nos dizer o que fizeram com esse dinheiro. Queremos uma eleição limpa, transparente e imparcial. Estou a liderar a contagem dos resultados, mas não estou satisfeito. Queremos que todos os congoleses votem."
Martin Fayulu assinou uma declaração, juntamente com outros quatro candidatos presidenciais, entre os quais o médico Denis Mukwege, Prémio Nobel da Paz. No documento, denunciam irregularidades eleitorais.
À DW, Martin Fayulu promete ir para as ruas, em protesto.
"Vamos manifestar-nos por causa do que está a acontecer agora e porque o processo não está a ser bem conduzido, de acordo com a lei eleitoral e a Constituição. Ninguém pode reivindicar vitória sem a participação de todos os eleitories", afirma.