RDC prepara-se para eleições presidenciais em 2023
21 de dezembro de 2022Recentemente a comissão eleitoral divulgou um cronograma, segundo o qual as eleições gerais ficam agendadas para 20 de dezembro de 2023, dentro de um ano.
O bispo Donatien Nshole, que dirige a influente Conferência Episcopal Católica Nacional (CENCO), que também atua como observador eleitoral, considera que o cronograma é apertado.
"O que deve ser evitado neste processo é a falta de coesão, a falta de consenso, o que significaria que um pequeno deslize, um pequeno problema, pode ser a fonte de uma grande crise", sublinha.
A tensão reina nos bastidores e o recenseamento eleitoral deverá arranca dentro de dias.
Quem são os candidatos?
No último sábado (17.12), Moïse Katumbi, ex-governador da província de Katanga, confirmou que será candidato às presidenciais. O também empresário e dirigente de futebol, afirma que quer "construir um Estado justo, exemplar, onde todos possam viver em segurança e com dignidade”.
Contudo, o anúncio de Katumbi, há muito aguardado, começa a agitar as águas no seio político. A sua origem étnica tem sido tema de debate nomeadamente no seio da União para a Democracia e Progresso Social, partido do presidente, Félix Tshisekedi.
Segundo o porta-voz, Thierry Monsenepwo, "as pessoas terão de escolher entre alguém com algo para mostrar, que cumpriu as suas promessas e alguém cuja verdadeira nacionalidade está em questão. Segundo algumas fontes, Katumbi é descendente de pai judeu-italiano e mãe zambiana."
Outro candidato promissor é Martin Fayulu - ao lado de Katumbi, o principal adversário do atual Presidente. Nas eleições de 2018, analistas viam-no como o vencedor com margem clara e observadores eleitorais também o colocaram à frente na corrida. Na altura, a eleição de Tshisekedi surpreendeu e levantou dúvidas sobre a credibilidade do resultado.
M23, um dos desafios
Enquanto os candidatos se posicionam, a comissão eleitoral tem em mãos uma difícil missão: garantir a participação de todos os eleitores elegíveis. Um fator que preocupa especialistas como Ithiel Batumike, do Instituto de Investigação Ebuteli.
"Existe o risco de exclusão das populações que se encontram atualmente sob controlo do grupo rebelde M23. Porque o acesso a estas áreas será complicado e a instalação de equipamentos poderá exigir a autorização do grupo", explica.
A RDC ocupa o quarto lugar no ranking dos países em crise no mundo, segundo o Comité Internacional de Resgate, que prevê que a situação política se agrave no país em ano eleitoral.
Para piorar a situação, a região leste enfrenta uma grave crise de segurança. Entre as milícias que continuam a fazer sentir a sua presença, está o M23 responsável por um dos piores massacres da história do país.