RDC: Travada "tentativa de golpe" de Estado em Kinshasa
19 de maio de 2024O Exército da República Democrática do Congo (RDC) afirmou ter evitado uma tentativa de golpe de Estado neste domingo (19.05), na qual um grupo de homens uniformizados e armados invadiu as residências do Presidente e do vice-primeiro-ministro.
"Uma tentativa de golpe de Estado foi cortada pela raiz pelas forças de defesa e segurança", informou o porta-voz das Forças Armadas do país, Sylvain Ekenge, numa breve mensagem transmitida pela televisão pública e disseminada pelos media internacionais.
Os agressores, "congoleses e estrangeiros", foram presos e a situação está sob controlo, disse Ekenge.
Durante a madrugada, o ativista da diáspora congolesa Christian Malanga, que afirma ser um ex-militar, publicou vários vídeos ao vivo na sua página do Facebook mostrando um grupo de homens armados em uniforme militar no saguão e nos jardins do Palácio da Nação, a residência do Presidente Félix Tshisekedi.
Segundo fontes locais, Malanga foi abatido pelas autoridades durante essa incursão em edifícios oficiais.
Tirar Tshisekedi do poder
Os agressores queimaram bandeiras do país enquanto carregavam bandeiras do Zaire, o antigo nome da República Democrática do Congo.
"Aproveitem a libertação do nosso novo Zaire", gritou Malanga em inglês, enquanto os outros homens também falavam em francês e lingala, uma língua bantu usada no noroeste da RDC e em grande parte do vizinho Congo.
Os agressores alegaram ser da diáspora e ter trazido os seus filhos com eles, além de estarem a lutar para tirar Tshisekedi do poder, de acordo com a imprensa local.
Por volta das 4h30 (hora local), homens armados também invadiram a residência do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças da RDC, Vital Kamerhe, num ataque que deixou pelo menos três mortos: dois polícias encarregados da segurança do político e um agressor.
"Kamerhe e a sua família estão sãos e salvos. A sua segurança foi reforçada", declarou o porta-voz do ministro, Michel Moto, numa mensagem publicada nas redes sociais.
"Ainda havia tiroteio às 6h24, de acordo com os moradores locais", escreveu na mesma rede o embaixador do Japão na RDC, Hidetoshi Ogawa, pedindo aos cidadãos que "passem um bom domingo em casa".
A segurança foi reforçada no distrito de La Gombe, na capital Kinshasa, onde estão localizadas as residências e algumas das principais sedes governamentais e diplomáticas.
Malanga, que frequentemente usa uniforme militar e se autodenomina comandante, é bem conhecido nos círculos da diáspora congolesa nos Estados Unidos pelos seus discursos contra o poder.
Ele pertence a um movimento chamado 'Novo Zaire' e ao Partido Congolês Unido (PCU), e até declarou a sua intenção de concorrer à Presidência da República, de acordo com o portal "Actualité".
Nascido em 1983 na então República do Zaire, Malanga cresceu em Ngaba, em Kinshasa, e morou na África do Sul e na Suazilândia antes de se estabelecer nos Estados Unidos.
Notícia atualizada às 16h53 (UTC+2)