Reciclagem tem cada vez mais adeptos em São Tomé e Príncipe
24 de março de 2016Hostilio Cosme é produtor de cacau na zona sul de São Tomé e acaba de comprar três sacos de fertilizantes orgânicos para aplicar nos seus cacaueiros. Os adeptos deste tipo de "adubo natural" começam a crescer no país.
"Os produtos químicos, os fertilizantes, pesticidas, inseticidas e fungicidas são químicos e são maus para o nosso próprio solo e para a nossa agricultura", explica.
Outro agricultor, Abel Bom Jesus, salienta que os seus abacaxis, tomates e beringelas estão a crescer com qualidade, sem recorrer a produtos químicos. E a carteira agradece: "não gastamos dinheiro com adubo."
O horticultor faz os seus próprios fertilizantes orgânicos. O que não consegue produzir, compra no "Eco Centro", um dos primeiros centros de produção de composto orgânico a entrar em funcionamento em São Tomé e Príncipe, em agosto de 2015.
O "Eco Centro" fica no distrito de Cauê, a 40 quilómetros da cidade de São Tomé e, só nos primeiros três meses de funcionamento, produziu mais de duas toneladas de fertilizantes orgânicos.
"É a primeira vez que fazemos isto aqui em Cauê e já temos muitos clientes. Até ficámos parados durante uma semana porque não havia o lixo que precisávamos", explica o presidente, Wilson Domingos.
O centro conta com a assistência da TESE, Associação para Desenvolvimento, que tem um projeto dedicado à compostagem. O potencial para o reaproveitamento dos resíduos no país é grande, explica a coordenadora Maria Metzger: "Quase 70% dos resíduos em São Tomé são de matéria orgânica, então conseguimos eliminar bastantes resíduos que acabam na lixeira".
Matéria não-orgânica também é reciclada
Com financiamento da União Europeia, São Tomé e Príncipe construiu uma central de processamento de resíduos.
O vidro de garrafas, focos de produção de mosquitos vetores de paludismo, está, por exemplo, a ser utilizado na construção civil, em bancadas de cozinha, da casa de banho e em rodapés de paredes. Está também a ser estudada a hipótese de utilizar o vidro nos beirais das estradas, para refletir a luz dos automóveis e colmatar o problema da pouca iluminação.
Um estudo da TESE, divulgado em 2011, indica que cada são-tomense produz, por dia, cerca de 350 gramas de lixo. Em média, o arquipélago produz 24.500 toneladas de lixo por ano.