Reforçada segurança de membros do Governo da Guiné-Bissau
1 de fevereiro de 2016
O reforço de segurança aconteceu na sequência de um incidente verificado na noite de domingo (31.01), no Bairro de Enterramento, periferia de Bissau.
Um grupo de homens armados, assaltou a casa do secretário de Estado dos Transportes e Telecomunicações, João Bernardo Vieira. Este, não se encontrava em casa quando os assaltantes chegaram e agrediram alguns dos guardas privados, no exterior da habitação.
Já no interior, fecharam os familiares do governante numa das divisões e roubaram um cofre, disse uma fonte policial guineense.
Um comunicado da secretaria de Estado dos Transportes e Telecomunicações divulgou que o cofre continha apenas documentos e que os assaltantes perguntaram várias vezes pelo secretário de Estado que é também porta-voz do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
De acordo com o mesmo comunicado, o grupo era composto por "15 homens armados" que se faziam transportar em três viaturas.Seis feridos, dos quais dois em estado grave, é o balanço das agressões físicas a que as pessoas foram alvo. Uma das vítimas explicou a DW-África sob anonimato que a intenção era assassinar o secretário de Estado, tido como braço direito de Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC. "Eles não entraram aqui para roubar. Vieram para matar o homem".
As investigações já estão em curso, como disse à DW África o Comandante Adjunto da Policia da Ordem Publica, Celso de Carvalho. ” Já estamos no terreno e a trabalhar no esclarecimento deste caso”.
Novas consultas do Presidente da República
Representantes de órgãos de soberania, de partidos políticos, da sociedade civil e de instituições internacionais sediadas em Bissau, foram recebidos em audiência pelo Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, no âmbito de novas consultas que o chefe de Estado está a realizar desde a semana passada sobre a crise política no país que bloqueou parcialmente o normal funcionamento das instituições do Estado guineense.O encontro surge numa altura em que o principal partido da oposição guineense, Partido da Renovação Social (PRS) insiste na demissão do Governo liderado pelo primeiro-ministro Carlos Correria.
Esse Governo "deve ser demitido pelo Presidente da República por ser um executivo caduco que não conseguiu apresentar, pela segunda vez, dentro do prazo estabelecido o seu Programa de Governação" defendeu em conferência de imprensa, Vítor Pereira, porta-voz do grupo de partidos que exige o derrube do atual Governo.
Segundo ele, a sessão extraordinária da ANP que aprovou por unanimidade o Programa do Governo é ilegal. “A decisão tomada pela mesa da ANP e o seu ex-presidente Cipriano Cassamá sobre a perda de mandato dos 15 deputados, bem como a aprovação do Programa do Governo são completamente ilegais”.
Recorde-se, que o PRS se associou aos quinze deputados expulsos do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e aos cerca de 20 partidos políticos sem assento no Parlamento “para exigir que o Presidente da República respeite a Constituição da Guiné-Bissau”, disse por seu turno, Florentino Mendes Pereira, secretário-geral partido.
”O Presidente da República tem as suas competências constitucionais e portanto tem poder para tomar as decisões mediante os instrumentos legais à sua disposição”.
PRS quer PM de Cabo Verde afastado dos assuntos guineenses
O PRS apelou ao primeiro-ministro de Cabo Verde, José Mária Neves, "para que prescinda de interferir nos assuntos guineenses".O pedido do PRS foi feito por Florentino Pereira numa conferência de imprensa promovida para comentar os últimos desenvolvimentos da política guineense, nomeadamente a crise no Parlamento.
Sem especificar qual a situação de alegada ingerência do primeiro-ministro de Cabo Verde, o secretário-geral do PRS pediu a José Mária Neves para que se preocupe com os problemas do seu país, ao invés de opinar sobre a crise guineense.
"Relativamente ao primeiro-ministro de Cabo Verde voltamos a apelar no sentido de prescindir, de abdicar [de comentar] os assuntos internos da Guiné-Bissau, sobretudo quando se trata de um conflito", afirmou Florentino Pereira.
O político guineense pediu respeito aos dirigentes cabo-verdianos em relação à Guiné-Bissau que disse ser um Estado soberano.
Florentino Pereira pediu também aos representantes da comunidade internacional em Bissau que adotem posições isentas no tratamento aos titulares de órgãos de soberania guineense - sem no entanto apontar factos. De acordo com o secretário-geral do PRS, o Governo do primeiro-ministro, Carlos Correia "já não existe" e, disse, "devia ser demitido" pelo chefe de Estado, José Mário Vaz, sob alegação de caducidade, ou seja, por não se ter apresentado ao Parlamento.
O secretário-geral do PRS apontou um pacto de regime como "única saída" para a crise política que assola a Guiné-Bissau.Esse pacto, segundo Florentino Pereira, seria assinado por todos os atores políticos guineenses