Regressa o braço de ferro entre autoridades angolanas e zungueiras
16 de abril de 2014
Em Luanda, as vendedeiras de rua, geralmente conhecidas por zungueiras, estão proibidas de exercer a sua atividade nas artérias da capital. A Comissão Administrativa de Luanda determinou que as zungueiras passem a vender nos muitos mercados da capital, mas estas dizem que esses espaços não chegam para todas.
Depois de duas semanas de tréguas, como resultado de um encontro entre o Governador de Luanda e as zungueiras, voltou a instabilidade a algumas zonas de Luanda, como o São Paulo e Congolenses, onde se concentra uma boa parte da zunga, o acto de vender na rua. Os fiscais e a Polícia Nacional abrandaram a sua atitude condenada em público pelo governador. Mas, agora, é mesmo proibido vender nas artérias.
Administração do São Paulo nega falta de espaço
As vendedoras apresentam sempre o mesmo argumento. "Disseram que nos vão dar um lugar no mercado. Fomos para lá e não há lugar. Há vendedoras com 4 e 5 lugares. E onde é que nós ficamos?", protesta Laurinda Matias.
Mas esta opinião é contrariada pela administradora do mercado do São Paulo, Carla Lobato que diz que o mercado que dirige, numa das zonas mais tradicionais da capital, tem lugares disponíveis. "Já cedemos 800 lugares", afirma, acrescentando que as vendedoras têm apenas que chegar e sentar-se nos locais, "que é coisa que elas não estão a fazer". "Não tenho mais nada a dizer. É mesmo na rua que elas querem ficar", conclui.
Na praça dos Congoleneses, noutro ponto de Luanda, até há lugares disponíveis, limpos, organizados para a venda, mas as vendedoras teimam em manter-se na rua. Antónia Maria é uma delas. "Queremos que nos dêem lugares para vender. Enquanto o Governador não nos der o espaço, não vamos sair da rua", afirma.
Apreensão de produtos em caso de infração
Para combater a venda ambulante em locais públicos, a Comissão Administrativa de Luanda vai publicar um edital citando as ruas onde se vai poder zungar. Doravante, os fiscais vão mesmo apreender os bens de quem continuar a exercer a atividade fora das áreas mencionadas.
"A presença policial servirá para sensibilizar e dizer que aqui não se vende", explica José Tavares, Presidente da Comissão Administrativa de Luanda. E lança o aviso: "depois da reunião da Comissão Administrativa, vamos determinar o dia em que passaremos a recolher os produtos dos vendedores renitentes". Segundo José Tavares, quem agredir fiscais vai ter de responder em tribunal.
A venda problemática nas ruas de Luanda já vem de longa data. As autoridades têm tentado organizar essa actividade informal, construindo vários mercados na capital, mas essa medida não agradou às zungueiras, que argumentam que é andando e fixando-se em alguns pontos de ruas que ganham mais para o sustento da casa e da família. O Executivo reconhece que essas mulheres, homens e jovens buscam nessa prática a sobrevivência. O senão é que Luanda mergulha num cenário desastroso, com lixo em vários pontos da cidade.