RENAMO atacou comitiva do Governo em Manica, diz polícia
29 de março de 2016Uma comitiva do Governo foi atacada por homens armados na província de Manica, no centro de Moçambique, esta segunda-feira (28.03). A polícia atribui o ataque à RENAMO, o principal partido da oposição.
Três pessoas ficaram feridas no ataque, na localidade de Nhamatema, no troço Vanduzi-Honde. A caravana constituída por dezenas de viaturas, com escolta policial, regressava à cidade de Chimoio, depois de participar nas cerimónias comemorativas dos 99 anos da revolta de Bárué contra o regime colonial.
Vendedores que se encontravam naquela zona, professores e alunos abandonaram o local em debandada. "Havia pessoas a vender bolos e outras a comer. Os alunos fugiram. As pessoas deixaram cair roupas ao fugir das suas casas", contou à DW África um morador que testemunhou o incidente.
O diretor provincial do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Mouzinho Carlos, mandatário do governador de Manica, e o o comandante provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), Armando Mude, que integravam a comitiva, saíram ilesos.
"De imediato, as forças de segurança efetuaram um desdobramento no terreno com vista a localizar os autores dos disparos. Tendo em conta que a população estava naquele local evitou-se responder nas mesmas proporções", explica Leonardo Colher, chefe de relações públicas do comando provincial da PRM em Manica.
O episódio ocorre um dia depois de a polícia ter apreendido material bélico na sede da RENAMO em Maputo e em propriedades do líder partidário Afonso Dhlakama. Segundo a polícia, homens armados do partido oposicionista irromperam pela estrada e regressaram às matas.
"Não temos dúvidas de que se trata de homens armados da RENAMO que se disfarçaram e estavam misturados com a população", diz Colher. "Em função da nossa resposta no terreno, não durou por muito tempo, não perturbou o trânsito no local."
Investigações
Os disparos de armas de alto calibre, incluindo metralhadoras, deixaram vestígios em Nhamatema, na estrada nacional número 7 (N7), que liga Chimoio a Tete.
Os populares dizem estar cansados de tiroteios na zona residencial e pedem aos intervenientes que resolvam a situação a curto prazo.
"A polícia está a fazer o seu trabalho de investigação para identificar os autores e responsabilizá-los por esta atitude", garante o porta-voz da PRM.
Tentámos obter uma reação de membros da RENAMO, por telefone, sem sucesso. A delegação do partido em Chimoio também estava de portas fechadas.
O ataque à comitiva governamental de Manica é mais um episódio da tensão político-militar que se vive em Moçambique. A RENAMO insiste que, até ao final deste mês, vai governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.