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RENAMO avança em Moatize com armamento renovado

Nádia Issufo21 de janeiro de 2014

Homens armados, alegadamente vinculados à RENAMO, estariam acampados no distrito onde estão localizadas multinacionais extratoras de carvão mineral em Moçambique. Governador de Tete cancelou visita de trabalho à região.

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Foto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Homens com idade avançada, fortemente armados e com equipamento novo. Assim é descrito o efetivo militar, alegadamente da RENAMO, que avança pelo distrito de Moatize, na Província de Tete, onde estão as principais empresas multinacionais que exploram carvão mineral em Moçambique.

Conforme informações apuradas pela reportagem da DW, ainda não há registo de confrontos, mas algumas famílias já fogem da região, com receio de um ataque das forças governamentais.

Ao mesmo tempo que estaria ocupando posições estratégicas no Norte, a RENAMO recua na ideia de cessar-fogo durante as negociações. O Governo moçambicano também demora a responder sobre a composição da equipa de mediadores do conflito que já dura quase um ano.

Convivência pacífica

Aparício José Nascimento, que é jornalista e proprietário do Malecha, periódico que circula na região de Moatize, confirmou a presença de cerca de 50 homens da RENAMO na região de Ncondedze desde o dia 17 de Janeiro. “Estão a 110 quilómetros da vila-sede, perto do Malawi.”

Conforme informações de Nascimento, o Governador de Tete, Paulo Auade, cancelou, no último domingo (19/1), a visita de trabalho a Moatize, onde iria proceder a entrega de uma Ambulância ao Centro de Saúde Local.

O jornalista diz que os homens armados convivem de forma pacífica com a população. Pedem comida e garantem que não pretendem fazer mal à comunidade, mas exigir paridade na CNE e a realização de eleições gerais previstas para este ano.

“Péssimo para os negócios”

Nkondedzi é uma área rica em ouro, o que atrai garimpeiros das proximidades. Além disso, está localizada na região onde está parte do carvão mineral que atrai os investidores internacionais.

Recentemente, a empresa inglesa Nkondedzi Mining começou a fase de exploração na região. Ragendra de Sousa é economista e não tem dúvidas que a presença de homens armados é prejudical para a economia.

“É preocupante porque aumenta o risco da realização do investimento. Sendo homens armados, as seguradoras não pagam qualquer estrago que aconteça”, diz o economista.

Rendra de Sousa acredita que as grandes empresas mineiras na região, como Vale e Rio Tinto, têm os seus serviços de inteligência, o que lhes permite esforços de prevenção.

Tete Neubau
Grupo armado estaria perto de TeteFoto: DW/Johannes Beck
Kohlemine Minas Moatize
RENAMO avança em área de extracção de carvão em MoatizeFoto: DW/J. Beck

Mas lembra do que a RENAMO é capaz e alerta: “em termos de guerrilha, [a RENAMO] tem uma eficiência marcável. A presença dela em Ncondedze é extremamente mal para o ambiente de negócios.”

Armamento renovado

Nascimento garante que os homens da RENAMO estão preparados para eventuais confrontos. “Ontem apuramos que eles têm armas novas, botas novas e coletes novos. Tudo o que têm lá é novo. Se tem apoio externo, não apuramos. Não há jovens por lá, são acima de 50 anos”, explicou.

Conforme informações do jornal Malecha, o Governo Provincial reforçou o efectivo no quartel da guarda de fronteira ainda no fim de semana com a Força de Intervenção Rápida (FIR) e a Força Armada de Defesa de Moçambique (FADM).

Kohlemine Minas Moatize
Conflito prejudica investimentos estrangeirosFoto: DW/J. Beck

Além da fuga da população local, garimpeiros também começam a deixar o povoado de Lizinge.

O jornal publica que algumas pessoas encontram-se na unidade sanitária da região, local apontado como seguro. A presença do efectivo da RENAMO, conforme publica o Malecha, interompeu a Campanha de Pulverização Interdomiciliária.

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