RENAMO canta "trufafá", FRELIMO diz que está na moda

Foi um dia atípico no Parlamento moçambicano com protestos e cânticos vindos das bancadas dos dois maiores partidos, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Enquanto a FRELIMO cantava que "está na moda", o maior partido da oposição retorquia com a famosa estrofe "Trufafá, trufafá, mas quem ganhou? É RENAMO", que tem entoado em várias manifestações. Apelidou também o partido FRELIMO de "ladrão".

O porta-voz da bancada da RENAMO, Arnaldo Chalawa, disse que a FRELIMO promoveu "vergonhosamente" a fraude eleitoral nas autárquicas de outubro e está a "criar instabilidade no país".

"É vergonhoso. Mais uma vez, estamos surpreendidos porque os senhores não ganharam eleição nenhuma. É vergonhoso afirmar isso", afirmou Chalawa.

Repressão de protestos

A RENAMO aproveitou a presença do Governo no Parlamento para voltar a questionar a repressão de manifestações no país contra os resultados das autárquicas, divulgados pelos órgãos eleitorais.

"Nós vimos claramente a polícia a matar à queima-roupa os cidadãos moçambicanos."

Em resposta, o primeiro-ministro Adriano Maleiane comentou: "Somos todos chamados a colaborar com a polícia nos eventos públicos, para garantir a proteção dos cidadãos, assim como prevenir uma possível alteração da ordem, tranquilidade e segurança pública."

Troca acesa de palavras

De acordo com os resultados divulgados pelo Conselho Constitucional, a FRELIMO venceu as eleições em 56 autarquias, a RENAMO ganhou em quatro e o MDM em uma.

Matias Nhongo, deputado da FRELIMO, sugeriu hoje à RENAMO que tenha uma atitude mais humilde.

"É uma vergonha pertencer a um partido como a RENAMO", disse Nhongo. "Eles perdem de eleição em eleição e deviam ser chamados de partido perdedor. Eu vou pedir à RENAMO para reconhecer a derrota, porque têm muita ambição, mas não sabem fazer nada."

Depois destas palavras, a RENAMO quis reagir e, mais uma vez, a confusão se instalou. A presidente do Parlamento, Esperança Bias, que é membro sénior da FRELIMO, considerou improcedente o pedido de palavra da RENAMO.

Esta é a primeira sessão parlamentar em que a RENAMO participa desde a realização das sextas eleições autárquicas, a 11 de outubro.