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RENAMO pede apoio externo em Cabo Delgado

DW (Deutsche Welle)
19 de abril de 2021

O líder do maior partido da oposição moçambicana, a RENAMO, defende uma intervenção militar estrangeira no combate aos terroristas em Cabo Delgado. Ossufo Momade quer também mais apoio para as vítimas do conflito.

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Mosambik Ossufo Momade Führer von RENAMO
Ossufo Momade, líder da RENAMOFoto: DW

O responsável máximo da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, está de visita à província nortenha de Cabo Delgado, e considera que perante o sofrimento infringido ao povo pelos terroristas, o Governo moçambicano não pode continuar a negligenciar a necessidade de uma intervenção militar estrangeira.

"Esta população merece respeito. Não é através de negligência dos governantes que esta população deve ser tratada como animais... É preciso que trabalhem. Se eles não têm capacidade militar é preciso que convidem outros países para aliviar o sofrimento da nossa população", defendeu o líder da maior força da oposição em declarações aos jornalistas à chegada ao aeroporto de Pemba.

A viagem de Ossufo Momade a Cabo Delgado visa consolar os cidadãos e apoiar com bens alimentares os milhares de deslocados na sequência dos ataques terroristas dos últimos anos.

Mosambik Menschenmenge wartet auf Ossufo Momade
Multidão aguarda chegada de Ossufo Momade junto ao aeroporto de Pemba, MoçambiqueFoto: DW

Conflito é “problema” para a região

Para Ossufo Momade, os países vizinhos não devem olhar o conflito de Cabo Delgado como uma situação exclusiva de Moçambique, mas sim como um problema que ameaça a integridade da região.

"Se o Estado moçambicano não tem capacidade militar, temos a África do Sul, que é uma potência, temos o Zimbabué, temos o Botsuana...", exemplificou. "Porque não se juntam para que possam aliviar o sofrimento desses nossos irmãos?", questionou ainda.

"Quando o meu vizinho está a sofrer [uma] agressão, o meu pensamento é que depois daquela casa hão-de vir à minha casa. Por isso, Zimbabué, África do Sul, Malauí, Tanzânia não podem dormir... É preciso que ajudem Moçambique para sair deste sofrimento", reiterou.

Sobre a questão da soberania invocada pelo Governo para rejeitar uma intervenção militar externa, Momade reage: "Eu participei na guerra civil. Na guerra civil não havia soberania? A soberania tinha desaparecido? Não estavam aqui as forças zimbabueanas, não estavam aqui as forças tanzanianas, não estavam aqui as forças cubanas, soviéticas e mais outras?", recordou em tom interrogativo.

Mosambik IDPs in Cabo Delgado Provinz
Família deslocada em Pemba, MoçambiqueFoto: Alfredo Zuniga/AFP

"Nessa altura Samora [Machel] não sabia que havia soberania, [Joaquim] Chissano não sabia que havia soberania? Ou alguma coisa está a ser escondida?", questionou.

Vida de “sacrifício”

O dirigente do maior partido da oposição descreve a crise humanitária resultante dos ataques terroristas como "dramática" e defende o envolvimento de todos para mitigar o sofrimento das vítimas.

"[As pessoas] trabalharam com sacrifício durante toda a sua vida e hoje deixam tudo trás para vir aqui [para Pemba] mendigar. Isto é triste e nós gostaríamos de fazer um apelo ao Governo de Moçambique para que possa ajudar esta população", frisou.

Grupos armados lançam o terror em Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista ' Estado Islâmico.

A onda de violência já provocou milhares de mortos e mais de 700.000 mil deslocados, de acordo com dados das Nações Unidas. 

O mais recente ataque aconteceu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos. 

O ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão sustentadas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique nos próximos anos.

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