RENAMO denuncia ataque à base do partido na Gorongosa
1 de abril de 2016É em Satunjira, no distrito da Gorongosa, que se localiza a base da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), onde o líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, reside atualmente.
Os disparos, feitos à distância, não atingiram a base da RENAMO e foram confirmados à DW África pelo porta-voz da RENAMO, António Muchanga.
"Montaram canhões de longo alcance", afirma. "Há confrontos desde quarta-feira [30.03]", quando um contigente militar do Governo tentou aceder à base da RENAMO, sem sucesso.
Muchanga acrescenta que o líder da RENAMO continua na base e está bem.
Contactado pela DW África, o porta-voz da polícia moçambicana em Sofala, Daniel Macuácua, afirma desconhecer que tenha havido disparos de armas pesadas na província. No entanto, garante que as Forças de Defesa e Segurança estão a proteger as comunidades e os utilizadores das principais estradas da província.
"Não tenho conhecimento", diz Macuácua. "Até então, o esforço está em manter as forças estrategicamente em Sofala, para continuarem as escoltas, para proteção das pessoas".
Aumenta clima de tensão
Ao longo desta semana, foram notórias as movimentações de tropas do Governo na Estrada Nacional 1 e na Estrada Nacional 6, nas províncias de Sofala e Manica. Na quarta-feira (30.03), foram avistados na localidade de Inchope 11 carros blindados e dois autocarros de transporte de militares para a zona da Gorongosa.
Também em Muxungué foram avistados veículos militares, uma comitiva que foi atacada no troço do Rio Ripembe a Zove. Segundo o exército, não foram registadas vítimas.
A ofensiva do exército moçambicano, esta sexta-feira, acontece um dia depois de terminar o prazo dado por Afonso Dhlakama para que a RENAMO começasse a governar nas seis províncias do centro e norte do país, onde reclamam vitória eleitoral nas eleições gerais de outubro de 2014.
A tensão entre a RENAMO e o Governo moçambicano tem-se intensificado nos últimos meses. Afonso Dhlakama pede a Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, um diálogo mediado pela Igreja Católica e por Jacob Zuma, presidente da África do Sul. A proposta foi rejeitada pelo chefe de Estado moçambicano.
O clima de insegurança levou à fuga de milhares de moçambicanos para países vizinhos, sobretudo para o Malawi.