Renasce a esperança de paz em Moçambique
28 de julho de 2014O Governo moçambicano e o maior partido da oposição revelaram, esta segunda-feira, ter chegado a um consenso em relação ao documento base para o fim da tensão político-militar que se arrasta há mais de um ano no país.
"Este documento já agrega todos os elementos essenciais do processo de cessação das hostilidades militares e da integração nas Forças Armadas e na Polícia da República de Moçambique", disse o chefe da delegação governamental, José Pacheco.
Além disso, o documento base contempla também a reinserção económica e social dos elementos da RENAMO. Segundo o representante do Executivo moçambicano, as partes concordaram ainda que, "terminado este processo, nenhum partido poderá ter elementos armados."
José Pacheco falou aos jornalistas num tom bastante otimista, dizendo que a sessão negocial tinha sido bastante produtiva. O chefe da delegação da RENAMO, Saimone Macuiane, afirmou igualmente que um ambiente harmonioso tem caracterizado a presente fase das negociações.
"O que nós já fizemos corresponde exatamente à nossa preocupação de encontrar uma paz e uma estabilidade duradouras no nosso país", afirmou Macuiane.
Faltam garantias de implementação
Esperava-se que o Governo e a RENAMO assinassem o acordo esta segunda-feira (28/7), no termo de mais uma ronda negocial, depois de, na semana passada, terem anunciado que alcançaram consensos em 95 por cento dos pontos em discussão.
Contudo, segundo José Pacheco, da delegação governamental, falta ainda harmonizar aspetos relacionados com as "responsabilidades das partes intervenientes no âmbito da implementação das ações inerentes à cessação das hostilidades e à consolidação da paz, ordem e segurança pública."
Assinatura já esta semana?
Saimone Macuiane, da delegação da RENAMO, disse que o produto desta negociação será apresentado "num único dia e não em parcelas". Macuiane acredita que o acordo possa ser assinado já na próxima sessão negocial, agendada para esta quarta-feira.
As negociações entre o Governo e a RENAMO polarizam, de novo, as atenções em todo o país. À escala nacional, sucedem-se os apelos da população, através de manifestações de rua e de mensagens apresentadas em comícios populares, para que seja alcançado um rápido acordo com vista a pôr fim à tensão político-militar, que já causou vários mortos e feridos, para além de danos materiais avultados.