Resgate do último bastião dos rebeldes islâmicos Shebab na Somália está próximo
18 de setembro de 2012As forças pró-governamentais na Somália estão apenas a algumas dezenas de quilómetros de uma tomada de assalto de Kismayo. Juntamente com o frágil exército somali, milhares de soldados quenianos, integrados nas tropas da União Africana, preparam-se para enfrentar as forças do grupo extremista Shebab, naquela que é a última “cidade-chave” da Somália em sua posse.
A caminho da conquista
O porta-voz do exército do Quénia, Cyrus Oguna, acredita que "a movimentação para Kismayo significa que estamos a aproximar-nos cada vez mais. E, por isso, a operação está a desenvolver-se com ganhos significativos para as forças da AMISON [Missão da União Africana]. Para a Shebab, claro que significa que estão a perder terreno. Esperamos que dentro de pouco tempo, uma semana ou duas, Kismayo será tomada pela AMISON."
Forças aéreas e navais vão auxiliar os soldados que, por terra, prometem chegar em breve a Kismayo. Com uma população de 193 mil pessoas, de acordo com dados da ONU, o último bastião da Shebab já viu fugir mais de 4 mil e 400 cidadãos. Um número que continua a aumentar, enquanto o exército promete tentar evitar danos colaterais.
Cyrus Oguna admite existir uma preocupação "com a segurança dos civis que não são membros da organização militante." E continua afirmando que "já os avisámos: mantenham-se longe dos alvos da Shebab, para que possamos limitar os dados colaterais. Para além disso, definimos algumas áreas para onde as pessoas que querem deixar a cidade podem ir."
Pressão sobre a Shebab
A Shebab já cessou as transmissões na rádio Andalus, um sinal, de acordo com a AMISON, de que o grupo extremista já sente a pressão, apesar de continuar a fazer tudo o que está ao seu alcance para travar o avanço das tropas pró-governamentais na Somália, através de atiradores furtivos e engenhos explosivos improvisados.
Apesar dos avanços na luta contra a presença da Shebab na Somália, Cyrus Oguna fala com cautela sobre os acontecimentos. "A tomada de Kismayo pode não significar que a Shebab chegou ao fim, mas será um passo significativo no combate à organização militar. É preciso lembrar que eles ainda detêm outras zonas da Somália. Por isso, a captura de Kismayo será um golpe importante na redução dos seus recursos logísticos e na diminuição do seu apoio a outras áreas que ainda estão na sua posse."
Uma questão fundamental
De acordo com Emmanuel Kisangani, do Instituto de Estudos de Segurança, esta é uma questão fundamental para a estabilidade da Somália, um país que vive em guerra há 21 anos: "A prioridade são, sem dúvida, os aspectos de segurança. Sem segurança, se há ameaças de grupos como a Shebab, especialmente em Mogadíscio, isto reduz a possibilidade de reconstrução. Por isso, acho que, em primeiro lugar, o governo vai tentar lidar com essa situação da segurança, com a ajuda da missão de paz africana."
Autora: Maria João Pinto
Edição: Carla Fernandes / António Rocha