Rússia formaliza anexação de quatro regiões ucranianas
30 de setembro de 2022Para reconhecer a independência de Kherson e Zaporijia, Vladimir Putin defende o direito de autodeterminação dos povos e os estatutos das Nações Unidas.
Putin diz que o mundo está a mudar: "O processo de formação de uma ordem mundial mais justa está a acontecer diante dos nossos olhos. É acompanhado por problemas conhecidos e óbvios. A hegemonia unipolar está em colapso, é uma realidade objetiva que o Ocidente não quer aceitar."
Segundo a presidência russa, Putin formalizará hoje, durante uma cerimónia solene no Kremlin, a anexação dos quatro territórios ucranianos com a assinatura dos tratados correspondentes.
Na próxima semana, ambas as câmaras do Parlamento russo aprovarão a adesão. Vários países do Ocidente classificaram os "referendos" como "ilegais".
Biden nunca reconhecerá referendos
Joe Biden garantiu que os Estados Unidos nunca reconhecerão os resultados dos referendos"orquestrados pela Rússia” na Ucrânia. O Presidente norte-americano acusou o homólogo russo de "violação flagrante" da Carta das Nações Unidas.
"Os Estados Unidos nunca, nunca, nunca reconhecerão as reivindicações da Rússia no território soberano da Ucrânia. Este chamado referendo foi uma farsa. Os resultados foram fabricados em Moscovo. E a verdadeira vontade do povo ucraniano é evidente todos os dias, pois sacrificam as suas vidas para salvar o seu povo e manter a independência do seu país", frisou.
"O ataque da Rússia à Ucrânia em busca das ambições imperiais de Putin é uma violação flagrante e flagrante da Carta das Nações Unidas e dos princípios básicos de soberania e integridade territorial", concluiu Biden.
Referendos e anexação "ilegais"
A anexação oficial já era esperada após as consultas públicas - que terminaram na terça-feira - nas áreas total ou parcialmente controladas pela Rússia na Ucrânia, cujos habitantes, alega Moscovo, apoiaram esmagadoramente a anexação formal destes territórios pela Rússia.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que tanto os referendos quanto a anexação são ilegais.
"Todos compreendem bem o que uma tal tentativa de anexação significaria na realidade. Não significará o que o Kremlin espera. Hoje expliquei isto aos povos do Cáucaso, Sibéria, e outros povos indígenas da Rússia. E agora repito para todos neste país: A Rússia não vai receber um novo território da Ucrânia", frisou.
A anexação pela Rússia de quatro regiões ucranianas é considerada um ato ilegal no direito internacional.
ONU vota resolução a condenar referendos
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas (ONU), alertou esta quinta-feira a Rússia que a anexação de territórios ucranianos "não terá valor jurídico e merece ser condenada".
"Neste momento de perigo, devo sublinhar o meu dever como secretário-geral de defender a Carta das Nações Unidas. A Carta das Nações Unidas é clara. Qualquer anexação do território de um Estado por outro Estado resultante da ameaça ou do uso da força constitui uma violação dos Princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional", sublinhou.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que a União Europeia (UE) vai continuar a apoiar "política, económica e militarmente" a Ucrânia na "guerra atroz" de Vladimir Putin, que procura "inverter o rumo da história" no caminho da democracia.
O Conselho de Segurança da ONU irá votar esta sexta-feira uma resolução a condenar os referendos realizados em quatro regiões ucranianas.
A resolução preparada pelos Estados Unidos e pela Albânia, cujo conteúdo concreto ainda não foi tornado público, deverá ser rejeitada, uma vez que a Rússia tem direito de veto, como membro permanente do Conselho de Segurança.