Saúde do ativista angolano Tanaice Neutro inspira cuidados
10 de abril de 2024Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas com a foto de Gilson Moreira, mais conhecido como "Tanaice Neutro". O ativista está a cumprir uma pena de dois anos por ultraje ao Presidente angolano, João Lourenço.
Na imagem, o ativista aparece com um papel sobre o peito que diz: "Estou a fazer greve de fome - Liberdade ou Morte".
"A fotografia que circula nas redes sociais mostra o quanto Tanaice está debilitado. Tal como se tem dito, uma imagem vale mais que mil palavras", explica à DW África Simão Cativa, amigo do ativista.
Nova greve de fome
Este estado de saúde é o resultado de uma greve de fome, começada a 27 de fevereiro, e que teve a duração de, pelo menos, sete dias, acrescenta Cativa.
"No oitavo dia, Tanaice teve uma recaída lá na Comarca de Kakila e foi levado para o hospital da Unidade de Reação Rápida (URP) e depois transferido para o Hospital Prisão de São Paulo, onde permaneceu alguns dias. na conversa que mantive com Tanaice disse que foi diagnosticado com insuficiência renal e terá de fazer hemodiálise."
Segundo o ativista, na última quinta-feira, Gilson Moreira começou uma nova greve de fome, em Kalomboloca, para exigir a reapreciação do processo em sede de recurso interposto pela defesa.
"E o estado dele de saúde é mesmo preocupante tal como ilustram as imagens que circulam nas redes sociais", sublinha.
Sobre o estado de saúde do ativista, a DW África tentou contactar o porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Kassoma, mas sem sucesso.
Também não foi bem sucedido o contacto com o advogado Zola Bambi, em relação ao recurso interposto.
Recurso da defesa por falta de provas
A defesa recorreu da decisão do Tribunal Provincial de Luanda, em setembro de 2023, por alegada falta de provas, alguns dias depois da condenação dos quatro ativistas. Volvidos sete meses, nada se sabe sobre o processo.
O jurista e analista angolano Manuel Cornélio acredita que as férias judiciais podem ter prejudicado o processo. Mas há outras razões:
"Estamos a falar em abril de 2024, obviamente que já temos aqui um período elevadíssimo para aquilo que podia ser o princípio da celeridade processual", diz.
O também advogado não vê razões para que o recurso não seja atendido. "E uma vez que são crimes particulares e não violentos e muito menos a eminência de fuga por parte dos arguidos, eu penso que o tribunal devia anuir ao pedido e, obviamente colocar em liberdade os arguidos", conclui.