Serra Leoa: O drama da escassez de água e da desflorestação
31 de janeiro de 2024Noventa por cento da população de Freetown depende deste abastecimento, mas um relatório recente das Nações Unidas alerta que a escassez de água, os deslizamentos de terras, inundações e a desestabilização das encostas podem aumentar devido à desflorestação.
Na periferia da capital, o acesso a água é uma luta e, muitas vezes, a população tem de arranjar alternativas.
"É difícil ter acesso à água, mesmo de manhã, para tomar banho e para as tarefas domésticas. Temos água na torneira três dias por semana, às vezes falha uma semana inteira. Quando chegamos atrasados à escola, somos castigados e os nossos pais nos acusam de não termos paciência para ir buscar água", conta um citadino.
E outro morador reclama: "Se não tivéssemos o nosso poço comunitário, muitas pessoas estariam a sofrer, especialmente as mães que estão a amamentar. Muitas vezes a água é disponibilizada à noite, quando toda a gente já está a dormir".
Os moradores mostram-se céticos quanto aos planos de canalização da água.
A barragem foi construída para abastecer uma população de cerca de 800 mil pessoas, mas a população de Freetown está a aproximar-se dos 2 milhões.
"Sou uma mãe que está a amamentar. Nesta zona, sofremos para ter acesso à água. A água começa a correr nas torneiras e, em segundos, o abastecimento é cortado. Vamos ao poço de água, mas dizem-nos que temos de pagar", queixa-se outra citadina.
Os planos do Governo
O Fundo de Água da Zona Ocidental Peninsular promete resolver o problema de escassez de água e os problemas ambientais. As instituições e pessoas interessadas podem contribuir com dinheiro.
Várias leis locais protegem as fontes naturais de água. Mas, dentro dessa cintura verde, foram construídas casas, escolas e outras infraestruturas.
A ministra dos Recursos Hídricos e Saneamento da Serra Leoa, diz que "aqueles que violaram a lei serão responsabilizados... Se construírem as casas na hidrovia, não só pelo facto de entrarem na cintura verde, mas também pela própria segurança pessoal, serão deslocados; porque se a barragem transbordar, será uma catástrofe humana".
E Max-Kyne acrescenta: "Por isso, o governo está a discutir com a comunidade... E estamos a pensar em limites físicos, que já iniciámos, para garantir que as pessoas não entram na cintura verde".
A ministra garante que a lei irá punir os usurpadores de terras e os invasores do Parque Florestal Peninsular, incluindo os que exercem atividades económicas como a produção de carvão vegetal.