PR diz que leva "experiência" da Guiné-Bissau à CEDEAO
16 de setembro de 2021O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse que leva a experiência do país em matéria de golpe militar para a cimeira da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Conacri, que realiza-se esta quinta-feira (16.09) em Acra, no Gana.
"A Guiné-Bissau tem experiência e sabe qual é consequência de um golpe de Estado. Aconteceu aqui várias vezes, mas hoje em dia esse ciclo fechou, o que permitiu que o Presidente José Mário Vaz tenha completado os cinco anos do seu mandato", enfatizou Embaló.
Os líderes da organização vão discutir as saídas para a crise que se abriu na Guiné-Conacri a 5 de setembro, depois que um golpe militar liderado pelo coronel Mamadi Doumbouya que derrubou o Governo do Presidente Alpha Condé, dissolveu os órgãos civis eleitos e suspendeu a Constituição.
A CEDEAO vai debater sobretudo os mecanismos que levem à libertação sem condições do Presidente derrubado, que se recusa a assinar a renúncia ao cargo.
Umaro Sissoco Embaló condenou o golpe militar na Guiné-Conacri e disse ser contra as alterações à Constituição, mas também afirmou serem "comportamentos anormais" que um dirigente "com 90 ou 100 anos'' fique no poder como Presidente da República.
Guiné-Conacri suspensa da CEDEAO
Na semana passada, a Guiné-Conacri foi suspensa da CEDEAO após o golpe liderado pelo comandante das forças especiais. A comunidade qualificou a destituição do Presidente como uma "clara violação" da carta regional do grupo.
Uma delegação de 15 membros da CEDEAO foi enviada a Conacri para encontrar-se com o líder das forças especiais de elite do exército guineense, Mamady Doumbouya, visitar Condé e exigir uma transição liderada por civis.
A ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, Shirley Ayorkor Botchwey, que liderou a missão, avançou que a cimeira extraordinária marcada para esta quinta-feira iria rever as conclusões da delegação e decidir os próximos passos para o regresso da Guiné ao regime constitucional.
Botchwey disse ainda que os líderes golpistas guineenses possivelmente ainda não estavam em condições de precisar uma data para o regresso a um regime democrático.
O golpe na Guiné-Conacri suscitou receios de recuos democráticos em toda a África Ocidental, e traçou paralelos com o Mali, que sofreu duas revoltas do Exército, em agosto do ano passado.