1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Sissoco prioriza revisão da Constituição pedida por si

26 de agosto de 2020

Presidente guineense diz que só conta uma revisão da Constituição - a que mandou fazer. Para segundo plano fica trabalho de comissão criada pelo Parlamento. Uma das alterações é a criação de um Tribunal Constitucional.

https://p.dw.com/p/3hYCf
Umaro Sissoco EmbalóFoto: GB presidency

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou esta quarta-feira (26.08) que a única Constituição que será aplicada no país é aquela que será proposta pela comissão de revisão constitucional, que o próprio criou.

O chefe de Estado guineense falava aos jornalistas no ato da entrega das alterações a serem feitas na Constituição da Guiné-Bissau pela Comissão Técnica para a Revisão Constitucional liderada por Carlos Vamain.

"O trabalho da comissão não termina aqui. Vão trabalhar até à realização do referendo constitucional na Guiné-Bissau. Este parecer será enviado aos demais órgãos de soberania, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular", relatou.

Guinea-Bissau Bissau | Kommission - Verfassung
Foto: Presidência

"Reafirmo, não haverá nenhuma outra comissão a par da comissão que eu criei. A única Constituição que será aplicada na Guiné-Bissau é a que vocês propõem," sublinhou o Presidente.

Umaro Sissoco Embaló criou em maio uma comissão para a revisão constitucional a arrepio da comissão parlamentar para o mesmo efeito, que já existia. A comissão parlamentar parou inclusive os seus trabalhos, citando falta de fundos. Na altura, os deputados frisaram que a única entidade competente para criar a comissão para a revisão constitucional é a Assembleia Nacional Popular, acusando o Presidente de usurpar competências do Parlamento e violar a Constituição.

Harmonia e equilíbrio?

A comissão criada por Umaro Sissoco Embaló propõe agora a criação de um Tribunal Constitucional para reduzir os conflitos institucionais, disse o coordenador Carlos Vamain.

"A diferença mais saliente aqui é a introdução do Tribunal Constitucional, que poderá desempenhar um papel importante na estabilização do sistema e no controlo preventivo", explicou.

"Esta é uma das questões que figuram na ordem do dia e que podem ajudar no equilíbrio entre os diferentes órgãos de soberania do país", avaliou Vamain.

Guinea-Bissau Bissau | Kommission - Verfassung
Comissão técnica para a revisão da Constituição criada pelo Presidente da Guiné-BissauFoto: Presidência

Mudança de regime?

Questionado sobre se a comissão propõe uma mudança de regime, quiçá para um modelo presidencialista, o constitucionalista não foi claro.

"O que mereceu a nossa atenção na Constituição atual são alguns problemas que geram fricções entre os diferentes órgãos de soberania. Temos um sistema semipresidencial, com um Executivo bicéfalo, e isso gera sempre algumas fricções, porque há uma diferença de legitimidade entre as duas figuras que ocupam funções de Presidente da República e de chefia do Governo", argumentou.

Carlos Vamain guineischer Jurist
Carlos VamainFoto: DW/J. Carlos

Sublinhando que não podia avançar mais detalhes, o constitucionalista disse apenas que o objetivo, com a revisão, será encontrar "mecanismos que possam criar harmonias no relacionamento entre as diferentes instituições públicas".

"Tentamos resolver este problema. Não passa necessariamente pela mudança do sistema, mas a correção do sistema pode ajudar, sem descaraterizar o próprio sistema", explicou Vamain.

Durante a campanha eleitoral, Umaro Sissoco Embaló defendeu publicamente a mudança do regime político no país para a estabilização política e governativa da Guiné-Bissau.

A sua comissão cumpriu com o prazo de noventa dias, estabelecido pelo Presidente da República, para propor alterações à Constituição. A nova Lei Magna, segundo Sissoco, será submetida a um referendo popular.

A DW contactou a Assembleia Nacional Popular para obter uma reação às declarações de Sissoco Embaló, sem sucesso.

"Se Aristides Gomes sair da ONU corre o risco de vida"

Saltar a secção Mais sobre este tema