Sissoco Embaló condena "tentativa de golpe" na Guiné-Bissau
1 de fevereiro de 2022Tiros de bazuca e rajadas de metralhadora foram ouvidos esta terça-feira (01.02) à tarde no Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros. Tanto o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, como o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, estavam no interior do edifício.
Várias pessoas morreram e várias ficaram feridas. As principais vias de Bissau foram cortadas. Os soldados guineenses montaram barreiras num perímetro de 500 metros à volta do Palácio do Governo. As rádios fecharam as portas por motivos de segurança.
Mas, ao fim da tarde, "as forças de defesa e segurança conseguiram impedir este atentado à democracia", afirmou Sissoco Embaló.
Em comunicado, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou a "tentativa de golpe de Estado". De acordo com Sissoco Embaló, tratou-se de um "ato bem preparado e organizado e que poderá também estar relacionado com gente relacionada com o tráfico de droga".
A União Africana disse estar bastante preocupada com a situação na Guiné-Bissau. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ao "respeito pelas instituições democráticas".
O país "não merece isto", desabafou o Presidente da República durante uma comunicação à Nação, esta terça-feira à noite. E rejeitou quaisquer responsabilidades: "Sou um homem de paz, contra a violência".
Embaló, que durante o ataque foi retido no Palácio do Governo, juntamente com o primeiro-ministro, garante agora que a situação está "sob controlo".
Ao minuto:
21:42 CET: Terminamos por aqui este acompanhamento ao minuto. A informação sobre a Guiné-Bissau continuará a ser atualizada na página principal da DW África.
21:33 CET: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa condena "veementemente" a tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau: "A Presidência em exercício da CPLP saúda a firme resposta das autoridades nacionais encabeçadas pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló que levou ao restabelecimento da ordem, e apela à acalmia e tranquilidade", lê-se num comunicado.
21:18 CET: Sissoco Embaló garante que, neste momento, está tudo sob controlo. E faz um apelo: "Peço à população para estar serena".
21:16 CET: "A Guiné-Bissau não merece isto", afirmou Sissoco Embaló. "Sou um homem de paz, contra a violência". Segundo o chefe de Estado guineense, "as forças de defesa e segurança conseguiram impedir este atentado à democracia", um "ato bem preparado e organizado".
21:06 CET: Sissoco disse que as Forças Armadas estão de parabéns. Saudou também o apoio do povo da Guiné-Bissau, que saiu à rua após a sua libertação. Mas o país "está de luto", sublinhou o Presidente da República.
21:03 CET: Sissoco confirma que se tratou de uma tentativa de golpe falhado. Não se sabe quem está por detrás dos incidentes; refere apenas que se tratou de um "ato isolado" de pessoas suspeitas de envolvimento no tráfico de droga na Guiné-Bissau.
21:01 CET: Numa comunicação à Nação esta terça-feira à noite, Sissoco Embaló denunciou que um grupo de homens armados o tentou assassinar. Disse ainda que esteve debaixo de fogo durante cinco horas. Confirma que houve mortos e feridos, mas, entre as vítimas, não está qualquer governante.
20:56 CET: Em breves declarações por telefone à agência AFP, Sissoco garantiu que "está tudo bem" e a situação está "sob controlo".
20:31 CET: Coordenador do Fórum da Sociedade Civil, Guerry Gomes Lopes, lamenta a violência de hoje em Bissau: "Houve mortos. É uma situação lamentável. Sucessivamente, o país tem vivido uma situação de crises político-militares. Com as eleições, pensávamos que já tínhamos saído desta situação, mas infelizmente vemo-nos confrontados com esta situação nebulosa."
20:16 CET: O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, diz que as últimas informações que recebeu de Bissau são "positivas", uma vez que o Presidente da República guineense já está na sua residência oficial. "Mas ainda não sabemos se o ataque terminou", afirmou Santos Silva em declarações à RTP.
19:40 CET: O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, já está no Palácio da República e fará uma comunicação ao país às 19h00 de Bissau.
19:14 CET: União Africana condena "tentativa de golpe" na Guiné-Bissau. Em comunicado, a organização diz que o presidente da comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, "está a acompanhar com bastante preocupação a situação na Guiné-Bissau, que consiste numa tentativa de golpe contra o Governo do país. Ele pede aos militares que regressem aos quartéis sem demoras para garantir a segurança física do Presidente Umaro Sissoco Embaló e dos membros do seu Governo, e para libertar imediatamente todos os que estão detidos."
18:55 CET: Membros do Governo libertados do palácio ocupado por homens armados, Presidente da República e primeiro-ministro em parte incerta. Segundo uma fonte governamental, citada pela Lusa, "cerca das 17:20 [hora local], os militares chegaram ao Palácio do Governo e disseram aos membros do Governo para saírem". O local ficou apenas com homens armados, acrescentou a fonte, indicando desconhecer o paradeiro do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, e do Presidente, Umaro Sissoco Embaló.
18:26 CET: Fonte do Hospital Simão Mendes refere à Lusa que, pelo menos, quatro pessoas ficaram feridas na sequência da violência em Bissau.
18:24 CET: O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, condena as "movimentações armadas" que decorrem em Bissau: "Há movimentações armadas em Bissau que se dirigem contra as autoridades legítimas da Guiné-Bissau, o Presidente e o Governo, e Portugal condena qualquer tentativa de, pela violência, impedir o normal funcionamento dos órgãos de soberania da Guiné-Bissau, nos termos da Constituição", disse Santos Silva em entrevista à agência Lusa.
17:59 CET: "Estamos retidos dentro de um pequeno gabinete no interior do Palácio do Governo desde a hora do almoço. Somos mais de dez pessoas amontoadas. Militares obrigaram-nos a desligar os telemóveis. Continuamos a ouvir tiros e gritos de pessoas atingidas. Há pânico total. Não sabemos o que está a acontecer, nem como vamos sair daqui. Estou com medo", relatou há instantes à DW uma testemunha retida perto do gabinete do primeiro-ministro.
17:52 CET: Embaixada de Portugal em Bissau pede aos portugueses que fiquem em casa. Em comunicado, a embaixada alerta que, "em virtude dos recentes acontecimentos", os cidadãos portugueses não devem sair à rua. Recomenda também que "aguardem novas informações".
17:48 CET: Emissora pública noticia que o tiroteio danificou o Palácio do Governo e que os "invasores" retiveram governantes.
17:43 CET: Em comunicado, António Guterres apela ao "total respeito pelas instituições democráticas" da Guiné-Bissau.
17:37 CET: Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está "profundamente preocupado" com a situação na Guiné-Bissau e pede o fim da violência.
17:26 CET: Comunicado da CEDEAO: "A CEDEAO acompanha com grande preocupação a evolução da situação na Guiné-Bissau, caraterizada esta terça-feira, 1 de fevereiro de 2022, pelos tiros de militares ao redor do Palácio do Governo. A CEDEAO condena esta tentativa de golpe de Estado e considera os militares como responsáveis pela integridade física do Presidente Umaro Sissoco Embaló e dos membros do seu Governo. A CEDEAO apela aos militares que regressem aos seus quartéis e mantenham uma postura republicana."
17:23 CET: Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condena "tentativa de golpe de Estado" e responsabiliza militares pela integridade física do Presidente da República e membros do Governo de Nuno Gomes Nabiam.
16:59 CET: Nas redes sociais correm relatos de vários mortos e feridos.
16:29 CET: A agência AFP adianta que foram avistadas pessoas a fugir da área do palácio, os mercados locais foram encerrados e os bancos fecharam portas, enquanto circulavam nas ruas veículos militares carregados de tropas.
16:03 CET: Os incidentes têm lugar dias depois de uma remodelação do Executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a medida.
15:59 CET: Testemunhas contactadas pela Lusa relatam que, perto do Palácio da Justiça, está uma brigada de intervenção e vários militares e elementos das forças de segurança.
15:45 CET: Fontes da Presidência guineense confirmam que o chefe de Estado e o primeiro-ministro estão no interior do edifício, cercado por militares.
15:31 CET: Tiros no Palácio do Governo da Guiné-Bissau. Há relatos de tiroteios no palácio onde decorria a reunião do Conselho de Ministros.