Sissoco Embaló nega "cultura de violência" na Guiné-Bissau
9 de maio de 2023O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou, esta terça-feira (09.05), que não tem cultura de violência e lamentou o ataque contra o dirigente do Partido de Renovação Social e conselheiro de Estado Fransual Dias.
"Não fui educado na cultura e não tenho cultura de violência. Lamento. Eu não sou violento, não venho de uma estrutura de violência, nem a minha religião permite. Sempre o tratei com muita estima, fui eu que o convidei para conselheiro de Estado", disse o chefe de Estado.
O dirigente do PRS e membro do Conselho de Estado Fransual Dias foi na madrugada de sexta-feira vítima de um ataque a tiro à sua residência que culminou com a sua viatura incendiada. Na sequência deste ataque, Fransual Dias apresentou o pedido de demissão do cargo do membro do Conselho de Estado da Guiné-Bissau, esta terça-feira.
O Presidente guineense, que falava aos jornalistas após uma reunião com a equipa de coordenação económica do Governo e o Fundo Monetário Internacional, que decorreu na Presidência, em Bissau, lamentou também que alguns dirigentes do Partido da Renovação Social (PRS) falem mal de si. E salientou que se o antigo presidente do partido Alberto Nambeia, que morreu em janeiro deste ano, estivesse vivo ninguém falaria mal.
"Sempre os tratei com distinção e amizade. Agora todos os atos isolados são do Presidente da República? Eu não sou ingrato, posso ser colado a tudo menos à violência", disse Umaro Sissoco Embaló.
Em declarações à DW, Fransual Dias disse não ter dúvida de que o ataque "foi um ato intencional".
O presidente do PRS, Fernando Dias, considerou também na sexta-feira que o ataque ao dirigente do partido é uma "tentativa de intimidação" e disse que não aceita adiamento das eleições legislativas, marcadas para 04 de junho.
Eleições a 4 de junho
Na mesma ocasião, Sissoco Embaló disse esperar que a campanha eleitoral, que tem início no sábado e termina a 02 de junho, decorra em "paz, de forma cívica e sem violência".
"Posso garantir que no dia 04 haverá eleições justas, transparentes e ordeiras. Vamos ter eleições", afirmou, salientado que o país precisa de estabilidade e que não se podem estar sempre a criar "casos tribais e inaceitáveis".
O Presidente guineense disse ainda que todos os partidos políticos do país estão autorizados a usar a sua imagem.
"Não devem esquecer que quem fundou e criou o Madem-G15 [Movimento para a Alternância Democrática] foi o Presidente da República. Todos os partidos estão autorizados a usar a minha imagem. Isso não é inconstitucional", disse Umaro Sissoco Embaló, quando questionado pela Lusa sobre o facto de os cartazes de campanha eleitoral daquele partido terem a sua imagem.
O Madem-G15, liderado por Braima Camará, faz parte do Governo guineense desde 2020 e foi a segunda força política mais votada nas legislativas de 2019, elegendo 27 deputados para o parlamento.
O Presidente salientou, contudo, que devido ao facto de ser chefe de Estado não pode exercer funções partidárias.
"Mas têm o direito de usar a minha imagem. Todos estão autorizados a usar a minha imagem", disse.