Sociedade civil da Guiné-Bissau preocupada com instabilidade
5 de janeiro de 2016As dificuldades que o Governo apresenta para fazer passar o seu programa no Parlamento e as lutas internas no Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) têm conduzido a Guiné-Bissau para uma profunda crise política. Apesar das projeções feitas no sentido de dissolver o Parlamento, o chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz afirmou no discurso à nação, por ocasião do fim do ano, que não tenciona dissolver o Parlamento, pois "os custos da dissolução do parlamento" seriam maiores do que quaisquer benefícios para o país, afirmou.
Para Elisa Tavares Pinto, presidente da Rede Paz e Segurança, “o grande problema é que o próprio programa do Governo tem muitos interesses pessoais e isso é muito difícil de tratar”, ou seja, “os deputados não estão a trabalhar para o país, estão a trabalhar para os próprios interesses”, afirma.
A sociedade civil guineense considera-se mais uma vez traída pela classe política depois de se criarem expetativas após um ano de um Governo "que já vinha dando passos positivos".
A título pessoal e institucional, o Presidente guineense prometeu empenhar-se para a busca de soluções que possam dar estabilidade governativa ao país, tendo exortado os guineenses e a classe política, em particular, para não persistirem no erro cometido no passado, "forjado pelo ego individual".
A crise começou a instalar-se já em agosto de 2015 quando o Presidente José Mário Vaz demitiu o Governo eleito, após meses de desentendimentos pessoais com o então primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.
"Clima de permanente instabilidade"
Para Elisa Tavares Pinto, este "clima de permanente instabilidade" deve terminar imediatamente no país e apelou também ao diálogo: "O povo está à espera daquilo que vai sair outra vez do Parlamento. É lamentável porque o partido no poder, o PAICG, teve maioria absoluta. É uma situação complicada para o país porque isso demonstra que aquele partido está contra o programa. Sem um diálogo profundo, sem um consenso no Parlamento, o país vai entrar outra vez no caos".
A Presidente da Rede Segurança e Paz considera ainda que a intervenção do Presidente da República seria extraordinária pois "a única forma de dar continuidade a uma boa governação ou a esta governação é realmente manter o programa do Parlamento" e considera ainda que há uma necessidade de moralizar a classe política.