Denunciados abusos no setor da saúde do Niassa
14 de outubro de 2015Durante um debate público sobre o estado da saúde no distrito de Muembe, na província do Niassa, no norte de Moçambique, um grupo de cidadãos fez graves denúncias sobre o setor de saúde.
Segundo investigadores que foram para o terreno verificar as condições de atendimento, há utentes que são obrigados a levar consigo molhos de lenha para fazer fogo e esterilizar os instrumentos médicos. Essa seria uma das condições para serem atendidos.
O grupo também alerta que, nas maternidades, os acompanhantes das grávidas são obrigados a lavar a roupa de cama usada durante o parto.
"Verificamos o abandono das parturientes pelos profissionais deixando-as ao cuidado dos acompanhantes, que são obrigados a lavar a roupa de cama hospitalar usada durante o parto. O grupo cívico de saúde sugere maior supervisão e tomada de medidas necessárias", afirmou um dos membros durante o debate em Muembe.
A organização internacional Concern Universal, que organizou o debate sobre saúde, concluiu que os profissionais de saúde do Niassa não conhecem os direitos e deveres dos doentes.
"Quando falamos em cortesia não estamos a dizer coisa de outro mundo. Estamos a falar de uma das componentes previstas na carta dos direitos dos doentes. O profissional tem que conhecer as linhas gerais de orientação do setor da saúde. O maior desafio é a divulgação das políticas junto dos profissionais e dos gestores de saúde", afirmou Domingos Vidal, da organização no Niassa.
Director de saúde nega acusações
José Manuel, diretor provincial de saúde, nega que os doentes sejam obrigados a levar lenha para os centros de saúde e, que se isso acontecer, serão tomadas as medidas necessárias.
"Provavelmente pode acontecer no entendimento da comunidade, mas não constitui obrigação nenhuma. Não está escrito em nenhum local, não é obrigatório", disse.
Além de Muembe, o debate público sobre as condições do serviço de saúde no Niassa realizou-se também nos distritos de Maúa e Marrupa. O debate foi financiado pelo Banco Mundial.