Sofala: Um mês depois do Idai Governo faz balanço positivo
16 de abril de 2019Um mês depois da passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique, o governo de Sofala, a província mais afetada, fez nesta segunda-feira (15.04) um balanço positivo da resposta dada a esta catástrofe, que matou mais de 600 pessoas e feriu mais de 1.600, mas reconhece que ainda há famílias que precisam de ajuda humanitária.
Nos distritos de Dondo, Búzi, Nhamatanda e Muanza, na província de Sofala, ainda há muita gente a precisar de ajuda para aguentar o dia-a-dia, um mês depois de perderem quase tudo. Os apoios tardam a chegar porque muitas vias de acesso continuam cortadas. A localidade de Nhamassidzira, no distrito de Muanza, só no fim de semana recebeu alimentos, pela primeira vez, após a passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique.
O governador de Sofala, Alberto Mondlane, garante que estão a ser feitos esforços para que os bens de primeira necessidade cheguem a todos os afetados.
"O distrito de Búzi foi o que mais sofreu. Mas posso dizer que noutros distritos como Nhamatanda, Dondo e Muanza também temos populações que estão a precisar de apoio imediato de todo o tipo, como abastecer-lhes a comida e criar condições para a recuperação das suas vidas. Há distritos que sofreram mais, mas há que atender a todas as pessoas”, declarou o governador de Sofala.
Resposta atempada evita mais mortes
Em entrevista à televisão pública moçambicana, Alberto Mondlane enfatizou a rápida resposta dada de todas as entidades nacionais e estrangeiras, que evitou muitas mortes. Depois de relatos de desvio de bens dos afetados, o governador deixou garantias de que agora tudo está sob controlo.
"Em primeiro lugar gostaria de dizer que existe um sistema seguro de recepção, armazenamento e distribuição de produtos que nos são doados para garantir que cheguem aos destinatários. Houve casos de desvios mas são localizados e que não põem em causa ao sistema de gestão das ofertas que são dadas a nossa população”, garantiu.
Por causa do Idai, a população camponesa de Sofala perdeu mais de 700 mil hectares de produção variada. Para que os camponeses não passem fome nos próximos meses, o governo de Sofala quer garantir que a população regresse às zonas de produção.
No setor da saúde, o balanço também é positivo. O executivo temia que houvesse muitas mortes por cólera, o que acabou por não acontecer graças à vacinação de 800 mil pessoas. Dados oficiais indicam que pelo menos oito pessoas morreram devido ao surto de cólera, até 09 de abril, registando-se 535 casos.
Assistência médica trava a cólera e malária
O diretor nacional de Assistência Médica, Ussene Issa, disse que o setor estruturou a resposta a eventuais casos de eclosão da cólera e da malária.
"Se o setor da saúde não tivesse desencadeado esta ofensiva de antecipar, estruturar a resposta na componente de promoção e prevenção de saúde na componente do saneamento do meio, da água, de higiene e criar condições para captar em diferentes zonas doentes com cólera, a tragédia seria maior.”
A malária deixou também as autoridades sanitárias preocupadas depois da passagem do ciclone. São dez mil casos registados, sem registo de vítima mortal.
"Estamos com alguma preocupação no distrito de Nhamatanda porque o número de casos de malária está a superar todos os outros distritos. Esta análise de informação estatística é importante. Temos uma equipa a trabalhar no terreno a ver as condições do saneamento do meio.”
Ciclone Idai foi devastador
O ciclone Idai foi devastador ao ponto de ter mobilizado voluntários em diferentes setores. Mas na saúde, em pouco tempo, foram para a Beira mais de mil médicos e quinhentos enfermeiros. Lembra Ussene Issa.
"Tivemos aqui na Beira muita gente que veio de diversas partes do país… todos aqueles que se disponibilizaram para trabalhar estiveram aqui no terreno. Há colegas que ficaram dez a quinze dias nos distritos.”
Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) os danos preliminares provocados pela intempérie nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia apontam para a morte de 603 pessoas e 1.642 feridos graves e ligeiros.
Na zona centro de Moçambique foram atingidas 3.504 escolas, afetando 335.132 alunos em vários subsistemas de ensino, e uma área de 715.378 hectares de diversas culturas alimentares.