Sudão: Combates continuam e aumenta número de mortes
17 de abril de 2023Subiu para pelo menos 97 o número de mortos nos confrontos entre o exército e os paramilitares, segundo a atualização feita pelo Sindicato dos Médicos do Sudão nas primeiras horas desta segunda-feira (17.04).
Um número que não inclui todas as baixas, já que muitas pessoas não conseguem chegar aos hospitais no meio dos confrontos, esclareceu o sindicato.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais na capital, Cartum, onde vivem cerca de seis milhões de pessoas, estão sobrecarregados. Pelo menos 1.126 pessoas foram feridas, disse a organização neste domingo.
Entre os mortos no sábado estavam três funcionários do Programa Alimentar Mundial (PAM), que teve de interromper a sua missão de ajuda devido às mortes.
Corredores humanitários
No domingo (16.04), milhares de pessoas foram retiradas de centros e instalações na capital através de corredores humanitários criados na cidade, numa breve pausa de três horas nos combates.
Um repórter local, citado pela agência de notícias Associated Press, disse que os intensos combates continuaram depois do cessar-fogo temporário: "Os confrontos só pararam cerca de três a quatro horas e foram retomados ao amanhecer."
"Agora, as forças paramilitares controlam a base militar de Merowe, no norte do Sudão, e também uma base aérea no sul de Cartum. Também controlam alguns locais próximos do comando geral do exército na capital", relatou.
Não está claro quem lidera agora a luta pelo poder, segundo relatos dos media locais, que noticiariam que os combates em torno do comando geral do exército sudanês na capital se tinham intensificado.
O confronto entre o exército e os paramilitares começou inesperadamente no sábado de manhã na capital. As forças paramilitares reivindicaram ataques ao aeroporto no norte da cidade e o palácio presidencial.
Apelos ao diálogo e cessar-fogo
Perante a violência que eclodiu no fim de semana, o ex-primeiro-ministro sudanês Abdalla Hamdok apelou ao diálogo: "A paz continua a ser a única opção disponível para o povo sudanês para evitar entrar numa guerra civil."
Os acontecimentos desencadearam receios a nível mundial de uma guerra civil no país de cerca de 46 milhões de habitantes.Também suscitaram apelos da comunidade internacional para um cessar-fogo imediato.
"Ambos os lados devem parar os combates e evitar mais derramamento de sangue", escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, na rede social Twitter.
Os chefes da diplomacia dos EUA e Reino Unido, reunidos num encontro do G7 no Japão, apelaram à cessação imediata da violência. "Há uma forte preocupação partilhada sobre os combates, a violência no Sudão, a ameaça que representa para os civis, para a nação sudanesa e até potencialmente para a região", disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
A Espanha anunciou o encerramento temporário da sua embaixada em Cartum por falta de condições de segurança.
À medida que a situação se agrava, o Conselho de Segurança da ONU apelou a todas as partes em conflito que parassem os combates e iniciassem conversações para pôr fim à crise.
A União Africana (UA) anunciou que o seu líder, Moussa Faki Mahamat, estava a caminho do Sudão para negociar um cessar-fogo. Também os presidentes do Quénia, William Ruto, Sudão do Sul, Salva Kiir, e Djibuti, Ismail Omar Guelé, viajarão em breve para o Sudão para tentar mediar o conflito armado entre o Exército e as paralimitares.