Sudão: Omar al-Bashir vai a tribunal por corrupção
15 de junho de 2019O anúncio foi feito mais de dois meses depois que os militares derrubaram al-Bashir a 11 de abril, após meses de protestos em todo o país contra o regime de 30 anos.
Omar al- Bashir "comparecerá ao tribunal na próxima semana, após acusações de corrupção e posse de moeda estrangeira", disse Al-Waleed Sayyed Ahmed, sem especificar o dia. O procurador-geral acrescentou que a investigação lançada contra al-Bashir foi concluída.
Além disso, Ahmed disse que foram abertos "41 processos penais contra os símbolos do antigo regime", sem dizer quem são, e explicou que tais processos "estão relacionados com corrupção" e "posse de terras", e que "as medidas de detenção e investigação continuarão durante a semana que vem".
Na quinta-feira, uma autoridade sudanesa não identificada foi citada pela agência oficial de notícias SUNA como tendo dito que al-Bashir enfrentava acusações, incluindo "possuir fundos estrangeiros, adquirir riqueza suspeita e ilegal e orquestrar (o estado de) emergência".
Milhões escondidos em casa
Em abril, o general do Exército do Sudão, general Abdel Fattah al-Burhan, disse que mais de 113 milhões de dólares em dinheiro em três moedas diferentes foram retirados da residência de al-Bashir, sendo sete milhões de euros, 350 mil dólares e cinco mil milhões de libras sudanesas (o equivalente a 105 milhões de dólares).
Omar al-Bashir assumiu o poder em um golpe apoiado pelos islamistas em 1989. Desde então, o Sudão sofreu com altas taxas de corrupção durante o seu Governo. O país figurou em 172 na lista de 180 países no Índice de Perceção da Corrupção de 2018, da organização Transparência Internacional.
No último dia 5 de maio, Bashir, que governou o Sudão com mão de ferro durante três décadas, foi interrogado pela primeira vez pelas autoridades.
Violência
Num esforço para sufocar os protestos que surgiram contra seu Governo em dezembro, al-Bashir impôs um estado de emergência em todo o país em 22 de fevereiro. Em maio, a Procuradoria acusou Bashir pelos assassinatos de manifestantes durante as manifestações contrárias ao regime, o que levou à sua saída.
Entretanto, a crise política e a violência no país, após a queda de al-Bashir, persistem, com grupos da sociedade exigindo a transferência do poder para uma autoridade civil, ao invés do Conselho Militar que assumiu o país.
No último dia 3 de junho, as forças de segurança sudanesas entraram em confronto com cidadãos que estavam acampados em protesto em Cartum. Segundo os manifestantes, 100 pessoas morreram, mas as autoridades falam em 61 vítimas.
O principal diplomata dos Estados Unidos em África pediu uma investigação "independente e confiável" sobre a violenta dispersão militar em Cartum.